“Revival” é o termo usado pelo protagonista Satoru em Boku dake ga Inai Machi para representar um fenômeno no qual ele volta no tempo pouco antes de algum acidente em potencial acontecer. Foi exatamente assim que me senti lá no começo do mês de março deste ano, quando saíram as primeiras informações desta web série que tentaria rebuscar Kamen Rider Amazon, série de 1975.
Nessas ondas constantes de remakes dos mais diversos tipos como séries, filmes e jogos, essa nova aposta ousada da Toei arrisca no que a Netflix faz de melhor: criar suas próprias séries e expô-las em seu catálogo para um público constante que só cresce a cada dia.
A princípio tive medo e alegria deste possível “acidente”. Medo de ser algo nunca visto na franquia e ser um tanto quanto negativo para nós fãs medianos e hardcores e alegria por talvez buscar uma reinvenção melhor do que já provamos nessa longa franquia e, claro, nos presentear futuramente com mais coisas do tipo.
Não pude me lembrar de tal aposta como foi em Go-Busters, que para mim foi bastante positiva, mas talvez negativa para eles, pois acabou sendo uma série com baixíssima vendas e audiência e, portanto, não poderia ser um padrão a ser trabalhado.
Voltando a Amazons! Com o tiro dado restava ver os resultados, que já temos. Uma segunda temporada virá no próximo ano e, de fato, este revival não se cumpriu, pois uma série como Amazons não só acanhou minhas expectativas como o meu olhar a essa magnífica trama. Meu texto hoje é para falar um pouco sobre essa série tão aplaudida e aclamada pelos mais diversos fãs de tokusatsu.
Primeiramente, uma das coisas que mais me preocupou aqui foi a escolha do roteirista. E não poderia ter sido a melhor!
Yasuko Kobayashi, famosa por suas diversas séries e trabalhos como ToQGer, Shinkenger, Go-Busters, Den-O… Teve aí a grande missão de, em 13 episódios, pouco menos e muito menos da média de episódios regulares de séries Super Sentais e Kamen Riders, trabalhar uma história já contada, trazer o novo e fazer com maestria o que sabe mais: desenvolvimento de personagens.
Adianto de ante mão que ela poderia ter feito mais e melhor se tivesse um número maior de episódios. Mas, relaxem, no próximo ano tem temporada nova e ela terá tempo suficiente para fazer tudo isso.
Amazons relata a história de algum lugar no Japão aonde, 2 anos no passado (visto do ponto atual da série), várias cobaias fogem de um laboratório de pesquisa chamado de Nozama Farmacêutica, que estava trabalhando no desenvolvimento de células Amazons para trazer um novo potencial evolutivo à raça humana. Anos depois, elas despertam de sua inércia e procuram saciar uma fome selvagem por carne humana.
Passamos então 13 capítulos acompanhando a história de Shido, Nozomi, Kazuya e Fuku na luta diária contra essas aberrações.
Posso dizer que não são as falas que os tornam humanos, mas sim as atitudes normais que buscam, sobretudo, alguma forma de viver e sobreviver, nem que nesse meio tempo eles façam inimigos ou amigos.
Logo em seguida conhecemos os nossos protagonistas da vez: Haruka e Takayama Jin. Ambos são Amazons, mas são diferentes dos demais, tanto em seus estados de ser quanto em suas ambições.
Haruka foi certamente o personagem mais desenvolvido aqui, passou de um jovem indigente e ausente na sociedade para um adulto consciente de seus atos. Na série, vemos que ele é questionado por suas atitudes, se está fazendo o certo e, quando se decide, outras perguntas surgem.
Amazons traz ao vislumbre, como plano principal e não limitadamente, críticas à sociedade atual, na qual a repressão aos mais diversos tipos de pessoas se torna algo relevante aos agressores e frequentes aos nossos olhos. A série entrega ao telespectador também o termo “vilão” e como ele pode ser atribuído.
Como não lembrar do episódio em que a Nozomi é agredida por um assassino em série enquanto Mamoru fica só olhando sem poder fazer nada, aliás, ordenado a não fazer nada?
Alguns podem sentir a falta de um vilão especifico ali ou podem simplesmente achar que o laboratório é o vilão principal ou ainda achar que não existe vilão. Eu vos digo que isso foi proposital pois, no final, percebemos que vilões só se dão por pontos de vista, qualquer um pode ser mau. E, certamente é possível achar que todos ali são vítimas de um mesmo acaso advindo de, sim, um ser humano qualquer.
Isso representa algo que vemos quase o tempo todo na mídia, por exemplo, no caso da violência contra a mulher em casa, enquanto os filhos assistem sem poder ajudar ou, incapazes, por pedido de suas mães, acabam sendo vítimas. Eis mais uma reflexão que essa obra nos faz pensar.
Enfim, Amazons é uma produção curta que pegou bastante gente de surpresa.
Com certeza é algo que deve ser visto pelos fãs de tokusatsu, uma façanha que merece ser admirada e refletida, e que nos entrega temas sempre atuais como violência, repressão, amizade, valores humanos, traição, família, entre os mais diversos.
O final é aberto e acredito que poderemos saber mais no próximo ano. Até lá, foi nos deixada uma questão a ser respondida: até onde você iria para salvar sua espécie?
É isso pessoal. Believe in Amazon!
Vc comentaria a serie pra alguém q esta procurando começar a assistir Kamen Rider? meu maximo contato foi com Dragon Knight, e os primeiros eps da primeira serie