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9 Definições para Tokusatsu

Senpuu 10 anos ago 1 280

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Texto originalmente publicado no Henshin Journey por Rafael de Jesus (rafaeldjesus@hotmail.com)

Existem algumas definições comuns para tokusatsu usadas na internet e na literatura:

Literal: “Filme de efeitos especiais”. Qualquer produção japonesa que faça uso de efeitos especiais ou visuais (pós-produzidos).

Coloquial: Qualquer filme ou série japonesa que tenha como personagens heróis mascarados que enfrentam monstros de estatura humana ou de estatura colossal (combatidos por robôs gigantes).

Porém para cada profissional que lida com esse gênero, a definição pode ser recortada e especializada, o que nos ajuda a entender melhor o gênero tokusatsu, que é uma forma de expressão imagética [espetacular e lúdica] multifacetada, envolvendo vários outros saberes artísticos.

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As definições a seguir foram fruto de pesquisa e análise intensa de diversos tokusatsus nos últimos dois anos, como parte da minha pesquisa de graduação. Não são definições canônicas, mas sim conclusões ensaísticas para fins pedagógicos a fim de prover uma melhor compreensão do workflow dos tokusatsus:

Produção e Roteiro: Gênero infanto-juvenil voltado ao público masculino, com premissas temáticas propostas pelo patrocinador (fabricante de brinquedos). Premissa dramática em volta no embate dos heróis contra uma força maligna que se aproveita das fraquezas humanas. Premissa de espetáculo baseada em artes marciais, pirotecnia e embate de gigantes. Os dramas evocam a importância da união e amizade para alcançar um objetivo e combater forças negativas. A alegria diante de coisas simples denota a pureza das crianças.

Direção de atores: Corpos altamente sensíveis ao perigo imposto por outros corpos, cuja reação será mais física que psicológica. Os embates físicos fazem a narrativa avançar. Psicologia marcada nos corpos em reações rápidas. A dor diegética é um recurso para desacelerar o ritmo, e a raiva acelera o mesmo.

Direção de fotografia: ‘Mastery’ do corpo em ação, de forma multi-ângulo, ciente dos gestos de ataque e reação. A dinâmica dos corpos desenha a noção de tal espaço. O primeiro plano dramático não faz muito sentido sem uma tensão/embate físico. O plano geral na luta deve situar e iniciar o embate, mas nunca tomar a ação toda para si. Zoom como recurso de alteração dramática e de ritmo usado para falsear quedas e acentuar golpes e reações.

Edição e Montagem: Os corpos ganham dinâmica nos cortes. Excessos de tempo que promovam análise prolongada de espaço não devem ser permitidos. Forte relação de “espaço necessário para o corpo” e corpo. O corpo altera a noção do espaço em sua relação com a câmera e duração do quadro. Planos alongados devem ser trabalhados somente em situações emocionais introspectivas, e não devem ultrapassar 10 segundos (por plano), para não comprometer o ritmo em relação às demais cenas.

Costume Design: Heróis mascarados com capacetes em suits, geralmente justos e de tecidos lisos. Os elementos visuais remetem à temática da série. Cor como diferenciador de personagens. Forramentos remodelam o corpo do suit actor para resultado desejado.

Suit Acting: Atores/dublês como heróis mascarados e monstros em coreografia de luta auxiliadas por pirotecnia, cabos de aço e trampolins. Devem possuir as características performáticas do personagem “não-transformado”.

Tokusatsu Fantajii: Gênero de sci-fi/fantasy que apropria-se de elementos da cultura pop e os remaneja de forma lúdica, aproveitando somente as propriedades pertinentes aos criadores (remixadores?) para a concepção de uma série dramática focada no público masculino infantil, movida por artes marciais e alcanço de patamares progressivos de poder para combater forças do mal.

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1 Comment

1 Comment

  1. Olá.

    Bom, pelo que vejo sua visão de tokusatsu se restringe às séries que aprendeu a gostar na infância e que gosta até hoje. Há uma intelectualização acadêmica embutida no texto, mas carece pesquisa histórica, mesmo que se deixe claro que foram apenas 2 anos de pesquisa. O título “9 definições” me parece um tanto forçado para seguir modismos de listas que ficaram populares na internet. O que li não foram definições (tirando o primeiro tópico), mas explanações sobre aspectos de produção.

    Os heróis gigantes do tipo Ultraman e similares como Spectreman, Fireman e outros foram ignorados, mas são parte fundamental.

    Godzilla, Gamera e os filmes do tipo “kaiju eiga” foram também esquecidos, apesar do tokusatsu ter nascido com Godzilla. A temática dos kaiju eiga nasceu a partir do medo nuclear, depois o medo da invasão vinda de fora (alienígenas como metáfora para estrangeiros, algo que faz sentido para um país que foi derrotado e controlado militarmente) e críticas à destruição ambiental.

    “Tokusatsu fantajii” me soa mais como uma definição criada pelo autor, não como uma definição de gênero tal como é apresentado no Japão. Talvez tenha visto uma citação fora de contexto.

    Por favor, não leve a mal minhas considerações. Sou e sempre fui um divulgador do tokusatsu e sempre apoio toda iniciativa de se levar o assunto a um patamar mais elevado. Porém, me senti na obrigação de fazer as observações feitas acima, que a meu ver são importantes.

    O que me preocupa é a visão de grande parte dos fãs brasileiros de que tokusatsu se resume a Kamen Rider, Super Sentai e Metal Hero.

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