Tokusatsus são sobre heróis. São eles que dão o nome à série, que dão o tom, é para eles que torcemos e são eles que acompanhamos. Mas, o patamar no qual colocamos esses heróis é definido pelo tamanho do desafio que eles enfrentam: os vilões. Eles são a outra metade da história, a sombra necessária para dar contraponto à luz (multicolorida, muitas vezes) dos nossos protagonistas. Mas o que define um bom vilão?
Cada um carrega uma definição própria do que é o mal e do que é ser o vilão. Para mim, podemos resumir em três fatores chave: a presença, a ameaça e a perversidade. Nesse artigo vou discutir cada um desses aspectos com alguns exemplos bons e ruins. Então, meus caros, vamos dar um passeio pelo lado escuro.
Primeiro fator, como mencionei, é a presença. Um vilão tem que ser notado, até mais que o herói. Nossos protagonistas têm toda a parafernalha da narrativa para se destacar: sequências de transformação, fogos explodindo sem nenhum motivo, sua carocha estampada na abertura e tudo mais. Um bom representante do mal no tokusatsu tem que dominar a cena sempre que aparece, mais ainda quando enfrenta o herói. Ele tem que ser memorável, mesmo tendo bem menos destaque.
Pegando os dois tokusatus mais clássicos a passar no Brasil, temos dois vilões com papeis parecidos: General Giluke de Changeman e a Bruxa Kilmaza de Jaspion. Enquanto os dois são memoráveis, Kilmaza tinha um apelo adicional, mesmo aparecendo em apenas um terço da série, diferente de Giluke. Mas nela via-se um mal e um ódio que vão muito além de seguir ordens de um vilão maior. Uma vez que essa bruxa intergalática estivesse em cena, ela era o foco indiscutível. É essa presença dominadora que faz dela uma vilã extremamente marcante.
Mas existe um exemplo ainda maior dessa falha: os vilões de Dairanger. Os três iniciais, Shadam, Gara e Zaidos, especialmente, são clones genéricos um do outro sem grandes traços de personalidade e que, mesmo depois do decorrer da série você raramente consegue lembrar quem é quem. E sim, isso inclui a mulher. Dairanger é uma série que eu tenho grande apreço pelo tanto que ela me divertiu, mas a falta de um grande vilão marcante fez com que a série caísse demais. Afinal, o que adianta os monstros da semana serem divertidos se não tem um grande arco pra amarrar tudo?
Um outro fator importante é a ameaça. Isso se alia muito à presença, mas não é apenas marcar a cena, um vilão tem que ser assustador. Ele tem que apresentar um risco imediato e grandioso para o espectador, para que o papel dos heróis seja mais importante. E aqui é um grande desafio, visto que os vilões são quase invariavelmente grandes blocos de borracha colorida. Mas com cuidado no visual e na atuação, temos diversos exemplos de representantes do mal muito efetivos.
Esse, na minha opinião, foi um dos grandes problemas de Gokaiger. Warz Gil era um vilão demasiadamente fraco e sem imponência. Então, dizer que os Zangyack são um grande perigo para todo o universo caía por terra. Uma tentativa de corrigir isso foi a introdução do papai Ackdos Gil, mas aí já era tarde demais e ele caiu na falta do primeiro caso, a presença.
Outro vilão que para mim não funcionou exatamente por esse motivo foi o Doutor Maki de OOO. Ele foi construído peça a peça, com direito a feitos terríveis e um passado trágico. Tinha um enorme potencial para ser um vilão lendário, mas o uso excessivo de piadas com sua boneca de estimação, mesmo que a presença dessa seja totalmente justificada, tirava a ameaça dele exatamente por ser bobo demais.
Compare por exemplo com o grande Chimatsuri Doukoku, de Shinkenger. Por um bom tempo na série, ele era apenas um monstro que dava ordens e ficava bebendo saquê. Mas a construção de seu personagem dava a ele uma aparência realmente assustadora e um dublador extremamente competente que proporcionou a ele o ar de ameaça por tempo suficiente para se levantar e se mostrar no terceiro arco da série. Existem outros exemplos ainda mais óbvios, mas para mim o grande charme desse vilão foi a sutileza com que sua dominação foi apresentada até que ele chegasse às vias de fato.
E, finalmente, o terceiro fator na minha opinião que é a perversidade. Uma coisa é o vilão ser ameaçador e imponente, porém, em algum momento ele tem que mostrar que não é só bravata. Ter uma construção ameaçadora é importante, mas ela não consegue se sustentar durante toda a série. O vilão tem que mostrar até que ponto ele consegue ir para atingir seu objetivo ou o quão terrível pode ser quando alguém entra no seu caminho.
Aí cito um dos maiores vilões de todos os tempos para mim, Enter de GoBusters. Além de ter presença e de ser ameaçador, fomos diversas vezes surpreendidos pelos seus planos piores do que se imaginava antes. Além disso, a crueldade que ele mostrou com seus aliados, como Escape e o próprio Messiah, fez dele uma das maiores amostras de mal que eu já vi em um tokusatsu.
Junto dele, coloco outro clássico, Doutor Gori de Spectreman. Para mim é um dos maiores exemplos de um extremista bem intencionado, pois fomos vendo durante a série os motivos dele. Porém, os meios que ele usa deixaram claro que ele não tinha limites e isso foi levado ao extremo em seu fim.
Bem, existem vários outros componentes que constroem bons personagens e, em especial, bons vilões, mas para mim esses são os três eixos principais. Então, deixem aí seus melhores e piores vilões, e até a próxima, mestres do mal!
Muito bom! Gostei e concordei com o texto
Ótima materia mano….sempre achei os volões mais interessantes!
Matéria muito bem feita, Parabéns pelo trabalho. Na minha opinião, referindo-se a vilões ruins eu cito os de Kyoryuger como: Chaos, Dogold, Candelira, Airagon e Luckiero que parecem que estão lá por estar sem nenhuma ambição interessante que nos faça torcer para que ela aconteça. No caso de vilões bons, concordo plenamente com Enter de Go-Buster e cito também os vilões de Jetman : Radiguet, Maria, Tranz e Grey. Vilões muito carismáticos, apesar de suas maldades e cada personagem tinha uma personalidade marcante.
Caraca excelente post, só de Dairanger uma resalva quando aparece o imperador com voz fina é muito top, além do vilão criança agora o trio é meio chato no começo mas melhora muito depois, Dairanger o que salva são os personagens e as lutas esta muito bem coerografadas.
Go-busters acho que faltou mais viloes junto com Enter para ficar mais top está parte.
Doukoku foi uma supresa no começo achei ele apenas um lord zedd da vida apenas assustador mas depois que puta vilão
Para mim os melhores vilões são:Macgaren,Rainha Ahames, Dokusai,Chimatsuri Doukoku,e a Galinha pintadinha HUE HUE BR BR
Hook- Kamen Rider Kiva
Parabéns Fire…muito bem explicadinho…nos seus Miiiiiiiinimos detalhes.
Eu nunca havia analisado dessa forma, claro que isso parece que é uma coisa que nasce sabendo, mas analisar que achei interessante.
Realmente vilões bons hoje em dia tá difícil parecer. Antes, mesmo com todo clichê de “Dominar a Terra” víamos em muitos o que você mencionou, e hoje é mais difícil.
Em Kamen Rider principalmente pois, agora o que mais rola é uma guerra entre os Riders em si e quando tem um vilão, ele acaba sendo deixado em segundo plano.
Listando meus vilões preferidos que acho se encaixar nesses padrões cito:
Satan Goss pela apreensão que ele causava só em Jaspion mencionar seu nome.
Igamu de Maskman que, poderia até não ser tão forte, mas prendia a atenção só de você saber que ele era um príncipe tentando restaurar seu nome sujo pela sua irmã.
Gamou de Fourze, pela sua ousadia de manipular tudo e a todos.
Tenho um pensamento de que vilão não necessariamente é aquele personagem que faz o mal. As vezes ele é só um personagem que luta por seus objetivos e as esses objetivos vão contra aos do Herói. Gamou no caso, tinha uma ambição e por ela acabou tentando atropelar tudo que estava a sua frente, mas no fim acabou entendendo o que estava predestinado e ainda salvou a vida do Kengo. Esse foi o vilão que fez o Fourze ser quem ele é. Um vilão que eu teria orgulho de lutar.
Bom artigo! Esqueceu apenas de Radget, de Jetman. Aliás, os vilões de Jetman eram um show à tarde e possuíam histórias próprias, conflitos próprios, independente de “quererem conquistar o mundo”.
Ah, e Shadowmoon, claro!
Shadowmoon e os Vyran, sobretudo, Radiget, foram os melhores!