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Considerações sobre “Ultraman Saga”

Patrine 13 anos ago 3 126

O filme “Ultraman Saga” estreia nos cinemas japoneses neste sábado, dia 24 de março. O Senpuu traz para você, leitor, uma crítica feita por Jim M. Ballard, após assistir à uma exibição especial da produção para a imprensa.

ALERTA: o texto a seguir contém detalhes do filme e spoilers.


Hisashiburi, fãs de Ultraman! Na sexta-feira eu fui a uma exibição para a imprensa do mais recente filme dos Ultraman “Ultraman Saga” (Urutoraman Saaga, 2012) e foi ótimo aproveitar o novo filme com pessoas que pensam como eu e são fãs da série.

Como eu estava muito preocupado com o trabalho neste último ano, eu estive distante do mundo dos fãs e não tive a chance de acompanhar nenhuma das notícias relacionadas ao filme. Então, pela primeira vez desde 2004, com “Ultraman: The Next”, eu fui capaz de ir para um novo filme de Ultraman sem nenhum pré-conceito e sem nenhuma ideia do que esperar, o que, devo admitir, foi uma ótima mudança.

Antes de começar as minhas considerações, vale lembrar que “Ultraman Saga” será lançado nos cinemas em 2D e 3D, sendo que a versão 3D foi filmada com câmera 3D, e a exibição para a imprensa foi da versão em 2D.

“Ultraman Saga” começa com uma visão poderosa de um apocalipse em Tóquio, prédios sendo destruídos e a cidade aprenta estar desprovida de vida. Rapidamente, somos levados para Earth Defense Force (EDF), Team U, interpretada pelas moças do grupo musical AKB48. Elas e um grupo de crianças são os últimos sobreviventes do planeta Terra, depois que o mundo foi invadido pelo malvado Alien Bat, o resto da população humana foi abduzida.

Em outro universo, Ultraman Zero recebe uma ligação angustiada e segue para socorrer a Terra. Em mais um universo diferente, de onde Ultraman Dyna desapareceu em um buraco negro há 15 anos, um jovem piloto de defesa chamado Taiga está preso em uma nave invasora alienígena, que rapidamente some para outra dimensão.

Taiga se descobre em outro mundo, na versão apocalíptica de Tóquio, enquanto Ultraman Zero luta contra uma grande frota de naves espaciais alienígenas. Quando Taiga percebe uma nave quebrada que vai cair diretamente em um menininho, ele pilota sua própria nave diretamente no caminho em um ato de sacrifício. Ao testemunhar essa ação de bravura, Ultraman Zero resgata Taiga e se junta à ele.

Rapidamente, Taiga encontra o Ultraman Cosmos e seu ajudante humano, Musashi, juntamente com o Team U e as crianças. Ele e Musashi aprendem que Ultraman Dyna e seu anfitrião humano, Asuka, já fizeram parte do time e protegeram eles, mas isso foi perdido na batalha contra o alien Zetton. Agora são Taiga e Musashi que devem proteger os sobreviventes. No entanto, Taiga não está tão feliz de se juntar ao Ultraman Zero, e não tem a intenção de lutar.

De forma geral, eu temo dizer que “Ultraman Saga” foi uma grande decepção para mim. A história é recheada com muitas ideias interessantes e originais, mas, infelizmente, o filme falha ao aproveitar quase todas elas.

Primeiramente, é revelado que as garotas do Team U não são realmente membros profissionais, mas civis sobreviventes que pretendem salvar as crianças. Esta é uma ideia intrigante que eles podiam ter explorado muito mais, mas, no final, nada acontece com ela.

Outro exemplo é a ideia fascinante que os anfitriões dos Ultraman rejeitam suas conexões com os heróis e se recusam a transformar, mas, mais uma vez, isso não é aproveitado em toda sua profundidade e, quando chega a decisão final dos persoangens de se transformarem, ela fica meio sem brilho. Essa me pareceu uma verdadeira oportunidade desperdiçada.

Para mim, a performance mais forte do filme foi realizada por Takeshi Tsuruno, interpretando Shin Asuka, anfitrião do Ultraman Dyna. O ator, músico e personalidade da TV tem uma energia natural que é, e sempre foi, uma alegria para quem assiste. Apesar de estar ausente em boa parte do filme, sempre que Tsuruno estava na tela, seu talento se destaca.

O intérprete de Musashi Haruno, Taiyo Sugiura, nunca me impressionou, particularmente, na série de TV “Ultraman Cosmos” (Urutoraman Kosumosu, 2001) e nos filmes reladcionados, mas eu fiquei surpreso com a performance dele nesta produção e senti que ele definitivamente cresceu como ator desde a última vez que o vi.

Sayaka Akimoto, do AKB48, como a líder do Team U, Anna, também foi uma surpresa positiva para mim. Apesar do filme parecer cuidadoso com o material oferecido a ela, nunca foi exigido nada de muito difícil dramaticamente, eu senti que ela lidou bem com o que foi dado a ela e teve uma performance bastante sólida.

Infelizmente, o resto do elenco me pareceu mediano. A maior frustração para mim foi o cantor e compositor Daigo, no papel principal do novo anfitrião do Ultraman Zero, Nozomu Taiga, que, de maneira geral, eu achei bem chato. Ele não pareceu forte o suficiente para compreender algumas das principais demandas do papel, com a maioria das cenas de carga emocional ficando exageradas, ao ponto de ficar difícil diferenciar os momentos dramáticos e cômicos do personagem.

Como resultado, foi muito difícil gostar ou sentir qualquer coisa por este personagem, e, na condução dos acontecimentos, eu senti que realmente isso puxou o filme para baixo como um todo.

O resto dos membros do Team U foram definidos de maneira pobre e, em última análise, dignos de esquecimento, devido a suas performances que variaram do medíocre ao ruim. Além disso, o histórico deles como um grupo de adolescentes de rua rebeldes não só me pareceu desnecessário, como levou a alguns esteriótipos embaraçosos que já estão datados desde a década de 90.

Todas as crianças são personagens suporte cujo único propósito é parecer feliz ou triste nas ocasiões apropriadas. A única exceção é o jovem garoto Takeshi, que fica desanimado após o desaparecimento do Ultraman Dyna e aparentemente entra em um estado de mudez, deixando a criança com apenas três falas de diálogo durante todo o filme.

Incrivelmente, a utilidade de todas as crianças perde o propósito para a história, até chegar ao ponto em que eu senti que os papéis poderiam ter sido excluídos inteiramente e você teria exatamente o mesmo filme. Eles parecem escandalosamente mal, totalmente sem importância. A ideia parece ser de que as crianças vão querer ver outras crianças nos filmes, mas na realidade eu estou certo de que os pequenos vão ao cinema para ver os heróis.

Depois das últimas duas produções relacionadas a Ultraman terem tido seus mundo quase todos feitos por meio de computação gráfica, “Ultraman Saga” nos leva de volta aos tradicionais sets com miniaturas dos Ultras do passado. O filme marca a estreia do diretor de efeitos especiais, Toshio Miike, que foi diretor de arte na trilogia Gamera, de Shusuke Kaneko, e seu trabalho realmente é espetacular.

Os cenários e miniaturas são lindamente detalhados e são filmados de maneiras variadas, originais e interessantes. A primeira aparição de Ultraman Dyna, no começo do filme, é um exemplo do incrível talento de Miike. Mostrando flashs do herói do interior de uma janela de um prédio, seguido pelo reflexo dele no vidro de um arranha céu próximo, culminando com uma tomada de ângulo aberto, olhando de cima para Dyna, da visão de quem está na rua.

Algumas das cenas parecem ter sido elaboradas especificamente para o efeito 3D e, apesar de eu não ser um grande fã dessa nova mania, eu fiquei tentado a assistir o filme novamente, em 3D, somente para aproveitar o trabalho de Miike como ele foi pensado originalmente.


Apesar da trilha sonora do filme, assinada pelo compositor Fumio Hara, ser útil para a produção, eu não a achei particularmente memorável, como em filmes anteriores, sem temas fortes que eu possa me lembrar. Eu sempre considerei a música um elemento muito importante na série Ultraman, então isso foi muito frustrante para mim.

O filme tenta evidenciar mais elementos de comédia, se comparado a outras produções recentes, mas a maioria dessas piadinhas foram um pouco monótonas. Eu acredito que a comédia é uma parte essencial de Ultraman e continua sendo desde a série original. No entanto, o problema em “Ultrman Saga” é que os momentos engraçados, frequentemente são executados de maneira pobre, com atores incapazes de executar estas cenas.

Uma cena em particular, na qual Taiga e o menino Takeshi estão correndo no nariz de broca do monstro Gubira como se fosse uma esteira, enquanto são jogados para o ar como panquecas, foi vergonhoso de se assistir. Eu quase esperei que o tema de “Benny Hill” começasse a tocar. O resto do tempo são só tentativas de ceninhas engraçadas, como quando as garotas do Team fazem seus robôs dançarem, que por sinal eu considerei o tipo de humor mais preguiçoso que já vi. Mas, eu tenho certeza que isso fará crianças de cinco anos de idade rirem, mas alguém mais velho nem prestará atenção.

Ao contrário de outras séries, a grande força de Ultraman sempre foi sua habilidade de conquistar o público de todas as idades, que é um ponto no qual eu acredito que este filme falhou. Seus principais alvos são um senso de humor muito juvenil e isso faz com que corram o risco de alienar o resto da audiência.

A aparição do personagem que dá título ao filme, o Ultraman Saga, fazendo sua estreia na produção, foi algo também “anticlimax”. Simplesmente pelo título do filme, assim como o excesso de publicidade, imagens e trailers, o público já está ciente que o Ultraman Saga fará sua primeira aparição no filme. Consequentemente, essa aparição não carrega mais nenhum valor de surpresa, então é responsabilidade dos cineastas utilizar seus conhecimentos para desenvolver uma história adequada.

No último filme, “Ultraman Zero: the revenge of Belial”, (Urutoraman Zero THE MOVIE Chou Kessen! Beriaru Ginga Teikoku, 2010), a chegada de Ultraman Noa muito bem pré anunciada por meio da lenda de Noa e a busca do garoto Nao pelo retorno ao escudo de Varaji. Isso foi simples, porém eficaz, pois no final, a aparição de Ultraman Noa se tornou uma progressão natural da história.

Em “Ultraman Saga”, nós temos um trio de Ultramans “errantes”, de diferentes dimensões, sendo que um deles não deseja se tornar um Ultraman, que são trazidos para um mundo, deixando a base para algo que poderia ter sido explorado de maneira incrível. Enquanto isso, a história falha em tomar vantagem deste potencial, e Ultraman Saga tem um power-up inexplicável, quando eles estão em perigo.

Como fã, provavelmente eu perdoei a maioria desses erros, mas “Ultraman Saga” falhou ao tentar prender a minha atenção. O que me deixou mais desapontado foi que eu sei que a equipe é capaz de produzir algo bem melhor, se eles tiverem a oportunidade novamente, e esse filme me parece um desperdício de oportunidades.

Aqueles que procuram apenas vôos divertidos e efeitos especiais legais, provavelmente vão adorar o filme, mas quem procura algo mais, tem grandes chances de sair desapontado.

Desde “Ultraman Mebius & Ultraman Brothers” (Urutoraman Mebiusu & Urutora Kyoudai) em 2006, nós estamos sujeitos a um mundo cada vez mais complicado que pretende trazer todos os personagens de Ultraman juntos para uma narrativa só. Isso é realmente trazido à tona em “Ultraman Saga”, onde os personagens de três dimensões diferentes colidem em uma quarta, enquanto, ao mesmo tempo, tentam solucionar os conflitos do roteiro de 15 anos atrás, o que só pode resultar em confusão para o público em geral.

O meu sentimento pessoal é de que a história tem seu próprio curso e é realmente a hora de limpa a bagunça e tentar algo totalmente diferente no ano que vem.

Quem se interessar por mais informações e detalhes sobre o filme pode acessar o site oficial de “Ultraman Saga”

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Patrine atende, às vezes, pelo nome de Ana Carolina Dias é produtora de conteúdo do site e editora do Senpuucast. Também é jornalista, fez estágio como assistente de produção em rádio e atualmente trabalha como editora de web.

3 Comments

3 Comments

  1. Cara, que decepção ao ler esse post. Tirando a participação do AKB48 que eu já esperava ser sofrivel (desculpem os fãs das “cantoras”), achava que o filme seria ÉPICO. Assistirei com o cérebro desligado, pra pelo menos curtir as porradarias…

  2. Joao disse:

    A minha rica infância!

  3. Daniel Orochi disse:

    Tiraram tudo que fez de Ultrama Zero legal. No primeiro filme eles foram muito felizes em mostrar o planeta Ultra, mostrar os Ultramen como sendo uma força policial da galaxia, explicar da onde vem seu poderes e porque eles ficam sem energia fora do seu planeta, ficou uma pegada Lanterna Verde em alguns aspectos. No segundo mostraram de um jeito mais legal o conceito do multiverso que por si só explica qualquer contradiçao que fizeram ou venham a fazer, o 2o filme tem trilha sonora, drama, luta tudo na medida certa, a musica da transformacao é a minha favorita.

    Já nesse 3o filme foi um retrocesso, tipo voltou aquele negocio cliche dos viloes querem destruir a Terra, tipo Belial tinha uma ambicao muito maior conquistar o universo, e quem sabe o multiverso.

    Tirando os primeiros Ultras eu odeio as equipes de pilotos/soldados/etc amigos do hospedeiro humano do ultraman da vez, eles sao chatos, nao ajudam em nada, tipo todo mundo tem arma, uniformezinho e sempre se lascam e o Ultraman tem que ajudar. Gostei que no 2 nao tem esses caras.

    No 1o filme e nos ovas tem o Ray e seus amigos para encherem o saco com aquele negocio de Ah eu nao posso sucumbir a força do mal, nao vou usar mais meus poderes pq sou descendente de monstros e bla bla, Tipo sempre axei que deveria ser o Ray o hospedeiro, ou que os Ultras ensinassem ele a controla o poder e ficar gigante para ajudar o Ultraman Zero assim como o Mirror Knight e o GlenFire fazem no 2o filme.

    Mas no 3 se era pra colocar os pilotos e soldados chatos colocassem o Ray e sua equipe nesse 3o filme e fizessem ele ser útil, e nao esses babacas que nao querem se transformar.

    Queria que explicassem coisas como se o Ultraseven é pai de Zero quem é a mãe?

    Tipo nao queria que se passasse so na Terra o filme, queria que continuasse a premissa do final do 2 de ele ira caçar os servos do Belial que sobraram.

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