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13 Assassinos – Crítica

Mozart 13 anos ago 1 3

Alexandre Landucci

Takashi Miike é um diretor prolifico e muito original. Quando surgiu, era conhecido por sua fascinação pela violência gráfica e pela facilidade de expor o bizarro e o extremo de forma crítica e ainda assim chocante para aqueles de estômago mais fraco.

Em 13 Assassinos, Miike volta seu olhar para o mundo do Japão feudal e os milenares samurais. A história fala sobre a tentativa de assassinato organizada pelos conselheiros do então xogum japonês, contra o futuro sucessor dele, o violento e niilista Lorde Naritsugu (um grande vilão). Para isso, o conselheiro pede a um samurai que forme um grupo de assassinos (os tais 13 do título) para acabar com o insano postulante ao xogunato.

Esse grupo é bastante heterogêneo, mas simplista em sua concepção. Além do líder, temos o velho samurai arrependido, dois irmãos gêmeos que funcionam como alívio cômico, o anti-herói bêbado e jogador, o samurai por excelência, entre outros estereótipos que facilitam a vida do espectador em acompanhar/reconhecer os inúmeros personagens.

O filme caminha com alguma lentidão durante o desenvolvimento de seus personagens e principalmente da elaboração do tal plano de ataque dos assassinos para exterminar o lorde. Porém, em seu ato final, (tomado completamente por uma épica batalha) o filme cresce e mantém o espectador preso a cadeira. Miike constrói uma claustrofóbica batalha entre os treze assassinos e o exército que protege o lorde. Além da incrível capacidade do exército ir se “reconstruindo” com a aparição inexplicável – mas sensacional – de cada vez mais soldados, o ambiente vai se tornando cada vez mais opressivo, enevoado e sangrento. Sem dúvida, essa sequência já entrou para o meu hall pessoal de grandes momentos do cinema de ação da última década. As diversas sequências dentro desse ato, são muito bem coreografadas e sem medo de expor a violência estética de corpos se partindo e do sangue escorrendo das pessoas acertadas.

Por outro lado, os efeitos visuais são pobres e denotam uma falta de recursos destinados a essa função (notem a sequência com os javalis que pegam fogo, e percebam como aquilo ficou realmente mal feito), que contrabalanceiam a criatividade do diretor em seus ângulos e forma de filmar. Como exemplo, aponto uma cena que envolve um personagem severamente ferido e que passa a enxergar o mundo de forma embaçada. O filme traduz essa sensação com o uso de uma inteligente e visceral câmera subjetiva que funciona como amplificador que ilustra a proximidade da morte.

O filme ainda é inteligente ao diferenciar seus personagens por seus estilos de luta com as espadas e objetos distintos. Desde ataques firmes e certeiros, ao uso de pedras como armas, passando pelas lanças e pela agilidade de movimentação, cada samurai é também identificado por técnicas diferentes.

Uma pena que aos quarenta e cinco do segundo tempo, o filme comete sua única falha mais grave, ao tentar convencer o espectador da existência de uma espécie de personagem “Highlander” que, mesmo seriamente ferido, (coisa que o filme mostra acontecer) mantém-se vivo apenas para contracenar com outro personagem que funciona como herói acidental da produção. Mas é apenas um detalhe, que não tira a força dessa intensa, visceral e poética história sobre a honra de uma classe que dominou com grandiosidade todo um país.

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Vulgo Mozart Gomes é o Fundador , administrador e idealizador do Senpuu. Designer Gráfico, Mozenjaa é o responsável por todas as mudanças no layout do Senpuu, tanto as boas quanto as ruins. Fã de tokusatsu desde a era manchete, resolveu consumir diariamente todo o seu amor pelo tokusatsu, criando o Senpuu.

1 Comment

1 Comment

  1. Ultra J disse:

    Os filmes de Samurai que mais gostei foi o Zatoichi e o último samurai com Tom Cruise, mas esse parece ser muito bom também vou assisti-lo com certeza.

    E todo filme de samurai sempre tem um momento “Highlander” como no último samurai onde o personagem do Tom Cruise recebe uma chuva de bala e continua vivo.

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