Akibaranger e a divertida quebra dos padrões

Eu já comentei algumas vezes no Senpuucast que o meu trabalho de conclusão de curso foi sobre a estrutura dos seriados de televisão. Para ser mais exata, estudei a possibilidade de elaboração da estrutura serial/seriada de forma a gerar uma unidade por meio do papel do protagonista.

Para isso, li muitas coisas sobre a repetição nas séries, que buscam fidelizar o público. E é o que acontece também nos tokusatsus, mas isso é um assunto que será mais detalhado em um próximo texto.

Eu quero chegar é no que, carinhosamente, a gente chama de protocolo Super Sentai, no caso das séries dessa franquia e dizer para vocês como Akibaranger desconstrói tudo isso lindamente!

Portanto, isso já deixa claro que, para gostar de Akibaranger, o espectador vai ter que sair da sua zona de conforto e começar a assistir de peito aberto para receber uma paródia e, porque não, homenagem aos sentais.

Isso porque 90% das suas expectativas serão “frustradas” e substituídas por uma diversão sem tamanho! Não vou aqui enumerar cada um dos pontos (deixo isso para a edição do nosso podcast que vai abordar a série), mas são diversos os momentos em que os próprios personagens são frustrados e vêem todas as regras e roteiro saírem do comum, resultando em alguma situação engraçada.

Isso fica mais claro ainda por termos dois dos heróis que são viciados em Super Sentais e estarem muito empolgados com a ideia de serem membros de um grupo. Mas, como eu já disse, os Akibarangers não tem nada de convencional!

Na sequência dos episódios, a gente é levado a ultrapassar o limite em que os personagens são passivos e realmente são personagens. Eles questionam, brincam, não se sabem personagens de um programa de televisão, mas, ao mesmo tempo, vão descobrindo que são!

E aí, paradoxalmente, começam a se revoltar contra o criador da série porque não querem que a aventura chegue ao fim. Então, eles  novamente passam a não agir como os personagens comuns, que não dialogam com o exterior e querem tomar as rédeas de suas “vidas”.

Da mesma maneira, em certo ponto, tanto nós quanto os personagens não sabemos o que é o mundo das ilusões e o que é real.

O interessante é que, isso está sendo feito desde o começo, mas a gente não se dá conta porque os próprios personagens agem como se não houvesse uma produção ou roteiro, até quase o final.

Além de criar um sentai diferente de tudo o que já vimos, essa quebra da estrutura convencional dos seriados, ao mesmo tempo, é responsável por tirar o foco de somente a simples batalha entre heróis e organizações malignas e passa para o conflito da realidade com o imaginário, do oficial com o não oficial e mostra a remodelagem da série para algo mais concreto.

A gente consegue observar isso de maneira bem clara com as mudanças de objetivos dos vilões de acordo com as descobertas dos heróis, culminando na luta de todos eles por uma série mais duradoura!

Analisando os momentos em que Akibaranger é um sentai comum, gostei das coreografias de lutas e as homenagens aos sentais antigos com participações de personagens são muito válidas e feitas de maneira leve durante a série.

Para mim, a trama conseguiu mesclar a quantidade exata de Super Sentai “de verdade” com os momentos de paródia e seguiu um rumo fora dos padrões que conseguiu prender a atenção, criar uma ligação do público com os personagens e divertir ao mesmo tempo!

Ou seja, os méritos são muito grandes em conseguir segurar a unidade e a coerência de uma série sem utilizar dos padrões e protocolos pré estipulados que, teoricamente, seriam a “fórmula do sucesso” em um tokusatsu desse estilo.

Como a maioria das pessoas que acompanhou a série e eu vi comentários, tenho certeza que Akibaranger teria tranquilamente condições de levar adiante mais episódios. Infelizmente, não foi assim que os responsáveis pensaram, pelo menos por enquanto..!

Nessa confusão gostosa entre realidade e ficção, tomara que seja real a parte em que eles falaram que, se o público desse um retorno positivo, a série teria uma segunda temporada!