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Tokusatus Antigos e Novos – Parte I

Luiz Gustavo Mendes 12 anos ago 7 43

Recentemente, para comemorar as 1000 curtidas no Facebook, tive a oportunidade de reassistir Goggle V.  E depois de tanto tempo assistindo praticamente apenas séries novas, devo dizer que foi uma experiência interessante. Por momentos eu senti que algo faltava, mas isso é porque nós nos acostumamos à narrativa moderna, que segue uma espécie de script. Vale lembrar que hoje estamos vendo Go-Busters, o 36º sentai, ao contrário de apenas o 6º, que foi o caso de Goggle V.

Goggle V

Sim, isso foi a 30 anos atrás.

Existem dois pontos que as diferenças são grandes. O primeiro já até discutimos algumas vezes, que é o fato que antigamente, os atores dos tokusatsus eram basicamente dublês que sabiam atuar. Eles tinham que desempenhar seus papéis e ainda realizar bem os combates destransformados, e até algumas vezes transformados também. Por mais que tenhamos boas lembranças destas séries, ao rever hoje com um olhar mais crítico, é fácil ver a limitação dos atores.

Além disso, era nítido quando algum ator era melhor, afinal estes se tornaram ícones, e foram reutilizados em várias séries. Podemos citar o eterno Kenji Ohba (Gavan, Battle Kenya e Denji Blue), Shiro Izumi (Change Pegasus e Dragon Ranger), e em Goggle V temos Jyunichi Haruta (Goggle Black, Dyna Black, Magaren, e mais recentemente o Dr Prospect no filme do Kamen Rider Eternal).

Kenji Ohba, Shiro Izumi e Jyunichi Haruta

A nata da atuação dos tokusatus antigos

Atualmente temos atores muito melhores, mas que visivelmente têm menos treinamento marcial. O que acontece é que os roteiros exigem mais e a quantidade de elementos que aparecem nas séries também reduz o tempo em que estes atores realmente lutam, então isso é minimizado.

Alguns já têm inclusive experiência em atuação, como Hiroki Aiba, o ShinkenBlue, que fez o musical do Prince of Tennis antes de Shinkenger. Muitos depois partem para filmes e doramas. Podemos dar destaque ao Takeru Sato, vulgo Kamen Rider Den-o, que recentemente assumiu o papel de Kenshin Himura na adaptação de Rurouni Kenshin para os cinemas.

Kenshin Himura

Henshin! Quer dizer… Kenshin!

Porque desta grande mudança de atores? Acredito que um grande fator seja a mudança na mentalidade nas crianças e adolescentes. Hoje há uma maturidade muito mais adiantada, o que faz c0m que mesmo para este público os roteiros tenham muito mais cuidado com o desenvolvimento de personagens e com a trama, e não só apenas com ação.

Isso não é uma regra absoluta, afinal, tivemos séries como JetmanKamen Rider Black que tinham tramas trabalhadas e com acontecimentos bastantes densos e sombrios. Mas, destas duas, Jetman tem muito mais a cara atual e com isso ficou muito menos datada porque conta com atores melhores, que permitiram que os personagens mais profundidade e complexidade. Viúvas me crucifiquem, mas Tetsuo Kurata era um ator bem limitado.

Tetsuo Kurata

Como um ator, ele era um ótimo lutador

Isso não significa que eu ache as séries novas necessariamente melhores que as antigas apenas por terem melhores atores, mas as séries com tramas boas se destacavam muito. Afinal de contas, tokusatus são por definição séries de ação, o que algumas séries novas (ahem, Magiranger, ahem) falham em alguns momentos.

E as tramas novas por várias vezes são fracas no quesito de desenvolver bem os personagens (como Kamen Rider Kabuto) ou têm roteiros bem ruins (como GoOnger). Mas séries que tinham tramas e personagens fracos para enfatizar apenas na ação, hoje em dia tendem a serem vistas como séries mais fracas.

Kamen Rider Kabuto

Só um Rider bonito

Além do público infanto-juvenil estar mais exigente, existe uma fatia cada vez maior de adultos assistindo tokusatsus. A gente sempre pensa no Brasil e na Geração Manchete que inclui uma parte grande dos membros do Senpuu e do nosso público, mas no Japão isso é ainda mais forte. Apesar dos tokusatus serem datados desde a década de 50, o final da década de 70 e início de 80 apresentaram uma explosão das séries e, desde então, temos um número constante de séries e filmes aparecendo.

Isso significa que durante basicamente 40 anos temos tido obras de qualidade para acompanhar. Consequentemente, isso trouxe para o tokusatus um público adulto muito grande, que já é bastante considerado na criação das séries novas. Gokaiger foi uma prova cabal disso, afinal quem se emocionou mesmo com a série fomos nós adultos, não os adolescentes que pegaram talvez desde Gaoranger ou mesmo Boukenger.

Gokaiger

Heróis para toda geração. MESMO.

Todos nós temos muito carinho pelas séries antigas e, realmente, chegaram aqui no Brasil no período da geração Manchete (que também incluiu Globo e Bandeirantes), séries acima da média como Flashman Metalder. Mas essa mudança para mim foi uma evolução muito boa e os atores novos estão se saindo bem nos papéis de luta, talvez melhor que os atores antigos na atuação.

Hoje em dia vemos poucas obras realmente fracas, temos heróis memoráveis com mais frequência e não só os principais. Isso permite tramas mais ousadas, mais únicas. Acho que o futuro dos tokusatus ainda nos trará muita coisa boa. Essa não foi a única mudança, mas o isso é um assunto para a parte dois.

 

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7 Comments

7 Comments

  1. Thiago fífen O Rato disse:

    Concordo Fire, ótimo texto.
    Hoje temos roteiros mais maduros e isto é bom, é sinal de evolução, contudo não acho que o passado deva ser relegado ao limbo, tem muita velharia boa, e não digo isto só por nostalgia, tem algumas séries que apesar de possuir roteiros simples ainda são gostosas de rever ou ver (descobrindo pérolas do passado);
    também, podemos ser full saudosistas, tem muito coisas bacana saindo quentinha do forno.
    inté.

  2. Patrine disse:

    Muito pertinente seu comentário, Thiago! Obrigada!
    Mas o autor do texto é o outro Luiz Gustavo, que não é o Fire! Hihihihihi!
    Abraços!

  3. Z Sérgio disse:

    Correção: Kenji Ohba não interpretou o Dyna Blue e sim o Denji Blue.

  4. Patrine disse:

    Valeu pelo toque, Sérgio!
    Já corrigimos a informação.

  5. Marc disse:

    Ainda acho o Kurata razoável. Triste mesmo é o cara que faz Metalder. Tudo bem que é um robô mas não vamos exagerar…

  6. Alvaro Moraes disse:

    Não podemos esquecer (infelizmente) dos Power Rangers né, no quesito atuação estes ai não precisam nem de comentários… a era Mighty Morphing é a das menos piores.. e de uns tempos pra cá vem piorando cada vez mais .. comparado com os atores japonêses e os atores dublês, os nipônicos dão uma surra digna de capítulo final nos atores Namericanos.. basta assistir “Power Ranger Samurai” e Shinkenger ou Kamen Rider “Dragon Knight” e Ryuki, melhor ainda a simples e horrenda adaptação “Masked Rider” e Kamen Rider Black RX pra ver a triste “atuação” dos tios sam, e essas fazem do Kurata um Ator explendoroso!! Fora que as lutas são praticamente todas originais SS.

    No mais achei maneira a matéria e concordo em vários pontos =D

  7. celso disse:

    Na minha opinião (saudosismo ou não) séries como Jaspion, Changemam, Jiraya, Charivan, Gogle V, Metalder, Jiban apesar da qualidade de imagem da época ser inferior, esses dão de 10X0 em qualquer tokusatu de hoje em dia. Pô, meu, os caras tinham uma boa trama e com algum requinte de mistério (ex: o tesouro Paco e a espada olímpica, em Jiraya; o pássaro dourado e as crianças apontadas pela luz, em Jaspion;a irmã do Jibam desaparecida; os flashmam tentando achar os pais verdadeiros; os changemans com a história de vida de cada vilão que se convertia; em Charivan, a história do pai que era vilão e filha que converte ao bem, etc). Isso fora a trilha sonora de cada personagem, a personalidade bem trabalhada de cada um e os finais surpreendentes. Nas séries atuais eu não vejo nada disso. É só bla-bla-bla, um pouco de luta e fim… Que coisa mais sem graça!

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