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Coringa [Crítica sem spoiler]

Pedro Mandella 5 anos ago 0 84

Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) ganha a vida como um simples palhaço de rua. Fadigado pela frustação de não ser um comediante de sucesso, é um homem amargurado e com problemas pisicológicos.

Mesmo passando por todos os infortúnios do mundo ele tenta encontrar esperança e seguir em frente com um sorisso no rosto, ainda que Gotham seja uma cidade cruel com pessoas cruéis.

Arthur se vê preso em um mundo escuro e sozinho e descobre na insanidade o verdadeiro caminho da felicidade e que a loucura tem seu senso de humor.

Coringa é um filme interessantíssimo e temos muito o que falar sobre ele! O protagonista é um homem que, a princípio, nos faz refletir sobre muitos contextos sociais em que vivemos e dividimos com ele.

O cansaço e a frustação do cotidiano trabalhadas dentro do estado clínico da depressão, são retratados de forma bem honesta e crua no filme.

Essa retratação genuína da doença mental do personagem se soma a todas as desgraças que o cercam.

É impossível não notar pontos específicos que foram trabalhados de forma tão fascinante e reforçam toda a experiência conflituosa e depressiva que é enxergar a história pelos olhos do protagonista.

Um ponto muito interessante e sutil usado no filme, são as tomadas de câmeras, que fazem passagens lentas, de baixo para cima, escondidas, como se estivéssemos espionando o personagem de forma indiscreta.

As cores são escuras, pesadas e reforçam a ideia de um mundo sombrio, solitário, sem alegria. O alto nível de contraste do preto, os tons terrosos como o vermelho e o laranja, junto a uma trilha sonora abafada, quase toda elaborada por instrumentos de corda como violino e violoncelo, com notas opressivas, constroem tensão e angústia durante todo o longa.

É uma direção esbelta, bem feita, todos os detalhes são caprichados e preenchidos. A narrativa é bem construída, os atos do filme são coesos e seguem uma linha de precisão bem-acabada. Não existem pontas soltas, tudo é devidamente estruturado.

Joaquin Phoenix é um tema à parte! Assombroso, admirável e deslumbrante, seriam as minhas pobres palavras para tentar descrever a caracterização deste homem como Coringa.

Todo o processo de montagem do personagem, desde físico, até as gargalhadas, olhares e trejeitos. É absurdamente inquietante e mágico ver sua performance.

É de uma delicadeza absurda o trabalho que ele exerce aqui, de longe o melhor trabalho de Phoenix e, sim, um fortíssimo candidato ao Oscar de melhor ator.

Além disso, vale ressaltar o comprometimento audacioso de Robert De Niro e a talentosa Frances Conroy.

A direção de Todd Phillips é um casamento perfeito entre a visão retratada da história e a interpretação majestosa de Joaquin Phoenix.

Coringa é um privilégio de assistir. É o tipo de filme que vale cada centavo investido. Um trabalho corajoso da Warner, que deu muito o que falar se comparado ao grande personagem de Heath Ledger, mas que cumpriu com maestria a intenção de retratar a origem doentia e pscótica de um dos maiores vilões de todos os tempos.

É um filme que nos faz pensar muito, principalmente pelas questões levantadas pelo personagem principal. Como a frase clássica do vilão: “Só é preciso um dia ruim para reduzir o mais são dos homens a um lunático, essa é a distância entre o mundo e eu… Apenas um dia ruim.”

Por mais que seja insano, ele não falta com a verdade. O filme é uma grande homenagem as hqs clássicas como Batman: The Killing Joke, escrita pelo fantástico Alan Moore e publicada em 1988. Para os fãs de Batman e do universo DC, como eu, é um presente. Um presente inesquecível!

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Written By

Viciado em cinema desde criança, apaixonado por fotografia, café, arte, doces, frio e sextas feiras. Amante da literatura e do cinema francês.

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