Nada novo sob o sol, o terceiro filme da franquia Lego a chegar aos cinemas não surpreende, nem tenta surpreender, mas é bom o suficiente.
Power Rangers, Tartarugas Ninjas, Transformers
O novo título conta com um time de ninjas adolescentes, que possuem algo especial que os tornam únicos e indispensáveis para derrotar os inimigos que aparecem para atacar a cidade de Ninjago (sempre falei Ninja Go, mas se fala como se lê, tudo juntinho). Essa estrutura é ótima para envolver o público infantil que pode escolher o ninja, a cor favorita e simular os poderes especiais nas brincadeiras futuras. Nada de inovador, mas uma fórmula que funciona muito bem para o público-alvo e também para vender brinquedos.
Shrek fazendo escola
O filme do ogro verde ficou conhecido por tornar a experiência de ir ao cinema boa para adultos e crianças com um roteiro divertido cheio de piadas e piscadelas pro público adulto. O novo filme Lego conseguiu navegar nesta mesma onda e entregou uma história repleta de referências para adultos e cenas divertidas para os pequenos. Destaque para a sequência que homenageia o clássico do Faroeste, Três Homens em Conflito (1966).
Animação, roteiro e storyboards
Um time de treze pessoas assina o roteiro do novo filme da franquia. Gostaria que esse dado fosse uma brincadeira, mas não é. A trma é super simples, repleta de tropes e histórias que já vimos antes em todos os lugares. O que salva Lego Ninjago de ser um fracasso é o time de animadores e os criadores dos storyboards. Cenas maravilhosas com enquadramento de câmera sensacionais. Fico muito feliz que os mais jovens possam absorver esse tipo de linguagem cinematográfica numa animação.
Dublagem, amor e “Você já pensou nisso?”
Eu adoro animações dubladas, não por amar o português como língua pátria nem nada parecido, gosto por que já vivi experiências maravilhosas nas quais o filme dublado é bem melhor do que o original (Procurando Nemo – 2003). Ninjago está bem localizado para a cultura brasileira, algumas adaptações de expressões idiomáticas foram responsáveis por arrancar risadas das crianças e dos adultos na sessão.
Porém, sempre fica aquele “E se?” guardado no fundo da cabeça. Ninjago escolheu um time maravilhoso de atores para dar vida a seus personagens principais: Dave Franco (Anjos da Lei), Fred Armisen (Saturday Night Live), Kumail Najiani e Zach Woods (Silicon Valley), Michael Peña (Perdido em Marte), Abbi Jacobson (Broad City) e Justin Theroux (Psicopata Americano). Mas, infelizmente, não conseguiremos conferir o resultado pois não existem cópias legendadas nos cinemas brasileiros. Como sou um colecionador de blu-rays sei que em alguns meses conseguirei ter acesso a essas vozes e não reclamo apenas pela minha vontade de ver o original, mas sim por algo muito mais importante.
Os nossos amigos surdos necessitam de filmes legendados para serem capazes de curtir a sétima arte assim como os ouvintes, infelizmente não vejo estúdios, nem distribuidoras, ou salas de cinemas preocupadas com isso, principalmente no caso das animações. A visão retrógrada de que apenas crianças e ouvintes assistem animações mostra despreparo e falta de sensibilidade.
Faço o convite para que nos coloquemos no lugar dessas pessoas, afinal cinema deve ser para todos. Isso pode não nos atingir diretamente, mas afeta àqueles que amamos. Sugiro repensarem o papel de apenas distribuidores de filmes para propagadores do cinema como cultura.
Encaixa?
Apesar da falta de originalidade, Lego Ninjago é um ótimo filme para os pequenos e adultos fãs de Lego (AFOL), e me incluo nesta última categoria. Filme leve e engraçado, tudo se encaixa para nosso bel-prazer.
Recomendo ter cuidado apenas ao levar as crianças na sessão, Lego é caro e eles com certeza irão querer os ninjas de todas as cores. Como dito anteriormente, Lego Ninjago não é apenas um filme, é um comercial de 1 hora e 40 minutos de duração, um grande catálogo de produtos (vide Hasbro com Transformers).
Agradeço pela recomendação do filme “Nada novo sob o sol”, da franquia Lego. É ótimo ver produções que conseguem agradar tanto crianças quanto adultos, e que utilizam referências e piadas para enriquecer a experiência do espectador. Também é interessante notar como a estrutura dos ninjas adolescentes pode ser uma forma envolvente de criar um vínculo com o público infantil e incentivar a imaginação e a criatividade nas brincadeiras futuras. Obrigado pela indicação!