O novo longa do Homem-Aranha chega às telonas fazendo uma leitura diferente do herói. Antes de qualquer coisa, vamos começar com uma comparação que é inevitável, já que esse é o segundo reboot do personagem no cinema.
Em 2002, ganhando vida na pele de Tobey Maguire e dirigido por Sam Raimi, temos um Homem-Aranha que tenta ser fiel aos quadrinhos clássicos e que, por medo de errar, tem pouca ousadia.
Na época do lançamento do terceiro filme (2007) o Senpuu gravou o SenpuuCast 30: Spider-Man, Does Whatever a Spider Can e nessa edição conversamos sobre a representação do herói nas telas de cinema e comentamos como seria a trilogia perfeita na nossa opinião: Gwen Stacy iniciando a jornada junto ao herói, Lagarto como primeiro vilão e, depois da morte de Gwen, o início de um herói mais sombrio e com sede de vingança.
Essa é mais ou menos a linha que Marc Webb começou em 2012 com O Espetacular Homem-Aranha, desta vez interpretado por Andrew Garfield. Nesse primeiro reboot temos um herói bem parecido com as revistinhas ultimate, o que desagradou uma parte dos fãs.
O que não foi o meu caso. Para mim, os filmes de 2012 e 2014 são espetaculares, como sugerem seus títulos. Um herói consistente, divertido, vilões bem trabalhados e um roteiro satisfatório.
Não mais que de repente, a Marvel veio trazer o herói “de volta para casa” em um novo reboot, dessa vez com Tom Holland como protagonista, que fez sua primeira aparição em Capitão América: Guerra Civil. O Homem-Aranha criado por Jon Watts chega com uma pegada bem diferente dos seus antecessores, sem medo de ousar e entreter o espectador.
Um Homem-Aranha jovem, com apenas 15 anos, nerd, fã de Star Wars e que está descobrindo seus poderes. Um personagem que aproxima o adolescente da possibilidade de ser um herói, algo que observamos e discutimos nos tokusatsus atuais.
O problema é que ele é dependente do traje, que tem 500 milhões de funções criadas por Tony Stark (Robert Downey Jr.). Isso faz com que o personagem não vá muito além de um Homem de Ferro adolescente discípulo de Stark. Em vários momentos Peter Parker prova que não é absolutamente nada sem a roupa especial e diversas vezes recorre ao Homem de Ferro para ajuda.
Um dos pontos mais fortes do filme, talvez o mais forte de todos, é a construção do vilão Abutre (Michael Keaton). Para mim, esse é o melhor vilão já apresentado no universo da Marvel para o cinema. E olha que tenho um carinho imenso pelo Loki (Tom Hiddleston).
Claro que grande parte do mérito vai pra conta de Michael Keaton, que raramente deixa a desejar em seus filmes. Abutre é um vilão simples, que não deseja a destruição e nem o controle do mundo. Ele apenas é um cidadão de classe média que, ao perder sua fonte de renda, decide enriquecer criando e vendendo armas no mercado negro.
Homem-Aranha: De volta ao Lar é um ótimo blockbuster. É divertido e envolvente, mas não é o melhor Homem-Aranha. E está longe de ser. Ainda acho que Andrew Garfield foi o melhor e não era necessário um reboot. Só que nada disso vai mudar com a minha opinião, então, segue o jogo!