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Truque de Mestre [Crítica]

Alexandre Landucci 11 anos ago 0 6

now_you_see_me_xlgTruque de Mestre
(Now You See Me, 2013)
Thriller – 115 min.

Direção: Louis Leterrier
Roteiro: Ed Solomon, Boaz Yakin e Edward Ricourt

com: Mark Ruffalo, Jesse Eisenberg, Morgan Freeman, Michael Caine, Isla Fisher, Woody Harrelson, Melánie Laurent, Dave Franco

Ao término de Truque de Mestre minha primeira sensação foi a de que tinha acabado de ver um dos mais competentes elencos reunidos no cinema recente…a serviço de um dos piores roteiros da atualidade. Na ânsia de acertar e criar uma “magia”, Louis Leterrier e equipe construiu uma historia óbvia que cai por terra por tentar ser tanta coisa e não conseguir ser nada.

A trama até começa instigante com um grupo de quatro mágicos de rua (Daniel Atlas/Jesse Eisenberg, um especialista em magia de cartas, Henley/Isla Fisher uma especialista em fugas, Merritt/Woody Harrelson um “mentalista” e Jack/Dave Franco um sujeito que é ágil com as mãos e bom com fechaduras) sendo convocados por meio de cartas de tarô misteriosas para se encontrarem em um apartamento praticamente abandonado. O filme dá um salto de um ano quando aquele grupo de mágicos está reunido em Las Vegas para apresentarem-se pela primeira vez. Além dos quatro protagonistas somos apresentados ao financiador daquele grupo Arthur Tressler/Michael Caine e a Thaddeus Bradley/Morgan Freeman que ganha a vida como uma espécie de “Mr. M” sem máscara, desvendando os segredos dos truques de mágica.

O show culmina com um truque em que um sujeito da platéia é “transportado” para um banco francês e vê o dinheiro do cofre do banco simplesmente sumir. A montagem é eficiente aqui e cria tensão entre o homem vendo o dinheiro ser sugado e o pessoal do banco chegando para mais um dia de trabalho. E a surpresa (e que cria uma falsa esperança de vermos uma trama “arrumadinha” nos moldes de Onze Homens e um Segredo por exemplo) é que de fato o dinheiro no banco francês havia sumido. Como?

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Entra em cena o personagem de Mark Ruffalo, um agente do FBI que ao lado de uma bela enviada da Interpol tem a missão de tentar entender o que de fato aconteceu. E a partir dai a historia segue acompanhando os policiais tentando antecipar o que o grupo de mágicos pretende, enquanto esses preparam mais dois shows, com objetivos ainda mais chocantes.

A direção é do mediano Louis Leterrier que parece ter feito um curso intensivo de “michaelbaysmo” já que adota alguns cacoetes do mal fadado diretor de Transformers, abusando dos movimentos de câmera frenéticos quando não existe a menor necessidade para isso e ilustrando muitas sequências com uma irritante câmera que contorna os personagens quando esses simplesmente conversam. Por outro lado, a montagem tenta pisar no freio de tanta insanidade deixando a ação ao menos compreensiva.

Mas não é aí que o filme de fato escorrega rumo a quase desgraça, mas na tentativa de ser muita coisa ao mesmo tempo. Além de reunir um elenco de estrelas e não dar espaço para nenhum desses personagens serem bem desenvolvido, busca criar toda uma historia de fundo com alguma profundidade para racionalizar as ações dos mágicos. Essa escolha resulta em uma trama mais furada que um queijo suíço, com a motivação de uma serie de personagens não fazendo o menor sentido quando analisada com calma. Sem cair na armadilha dos spoilers, essa é uma daquelas historias que tentam ser tão espertas e enganar de forma tão inteligente o expectador que acabam se complicando ao ponto de sua resolução não fazer muito sentido.

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Esbarrando nas revelações da trama, os mágicos parecem facilmente convencidos de seus papéis e não existe sequer um conflito entre eles. Não existe uma dúvida em relação ao que deve ser feito, se de fato vale a pena enquanto outros personagens, como o de Michael Caine são absolutamente desperdiçados. Isso sem falar em Morgan Freeman em um dos papéis mais desagradáveis de sua carreira, parecendo profundamente entediado com sua função na história.

Outra bobagem que Truque de Mestre comete é tirar o foco daquilo que verdadeiramente era interessante, os quatro mágicos e deixar o público acompanhar tudo pelo viés do policial de Ruffalo e sua parceira eventual a francesa Alma/Melánie Laurent. Ok, entendo a opção de deixar os planos do grupo em suspense, e fazer do público refém das informações do policiais, mas diante da resolução da trama, fica impossível não fazer questionamentos sobre a infeliz (e constante) ideia de transformar tudo em um gigantesco plot twist.

Plot twist é sempre difícil de prever. A chance de uma bobagem surgir dai é sempre muito grande, principalmente quando não existem pistas para a resolução da trama encaixadas na historia. A cada Sexto Sentido, existem duzentos Em Transe e Truque de Mestre. Truque ainda tenta plantar uma pista sobre sua resolução, embora de forma difusa. Trocando em miúdos, a resolução não agrada, pois parece ter sido pensada muito mais como forma de surpreender o público do que como encerramento para a trama. Valendo-se do choque pelo choque, o filme naufraga gloriosamente. Truque de Mestre chega a enganar o espectador, com dois atos que nos mantém presos na ação e ansiando para uma resolução para o que vemos em tela. Porém, quando ela vem à decepção é inevitável.

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Dizem que é crítico de cinema, dizem que é um cara legal e dizem também que pode ser bem ranzinza. Outros, no entanto, dizem que "as vezes" ele acerta no que fala, enquanto outros - ele deve pagar essas pessoas - gostam do trabalho dele. Fã de Galactica, Doctor Who, Hayao Miyazaki, David Cronenberg, Dario Argento, Orson Welles, Grant Morrison, Neil Gaiman e comprador compulsivo de filmes.

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