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Se Beber, Não Case! Parte 3 [Crítica]

Alexandre Landucci 11 anos ago 0 123

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(The Hangover Part III, 2013)
Comédia – 100 min.

Direção: Todd Phillips
Roteiro: Todd Phillips e Craig Mazin

com: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Ken Jeong, John Goodman, Heather Graham

crítica: Alexandre Landucci

Sempre que escrevo (ou falo) sobre um filme, tento me colocar na seguinte situação: o que o sujeito que fez esse filme quis com isso ou aquilo. Quais suas intenções? O que ele propôs? Pra mim, Todd Phillips quis acabar com a própria carreira em Se Beber, Não Case 3. Pois só isso, me faz entender como uma serie que começou de forma tão bem vai terminar de forma tão medonha. Desde já, o fim da trilogia do Wolfpack é um dos piores filmes de 2013, com muitas sobras.

O que fez do primeiro filme da serie acima da média foi sua falta de pudor e de noção quanto a forma de lidar com o humor. Em um mundo tão politicamente correto, onde tudo vira motivo de drama e processo, um filme tão incorreto e abertamente sem nenhuma preocupação em agradar a todos merece meu respeito.  O segundo filme da serie, limitou-se a repetir as piadas do filme original em um cenário diferente, o que o transformou em uma decepção total. E esse terceiro consegue afundar ainda mais, já que ignora a aura de anarquia e transforma a serie em uma comédia genérica com personagens exagerados, situações sem graça e foco nos dois piores personagens de toda a franquia: Alan e Sr. Chow, curiosamente – ou não – os dois menos próximos do público e que numa comédia que se consagrou por ser ácida em relação aos absurdos cometidos por caras “normais” em uma situação traumática, sempre funcionaram muito melhor como coadjuvantes do que como protagonistas.

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No terceiro filme da serie, Alan é o protagonista. Nesse filme não existem casamentos, despedidas de solteiro ou algo do tipo. O pai de Alan morre de um ataque cardíaco causado pelo choque diante de mais uma completa insanidade (sem graça e que envolve uma girafa) do filho. No enterro, seus amigos decidem colocar o sujeito numa clínica para que sua “falta de noção” seja tratada, já que o gordinho babaca não toma mais seus remédios e vive num mundo paralelo, onde seu humor insuportável dá o tom. Quando os sujeitos estão com Alan na estrada rumo à clínica são abordados por um gangster (John Goodman) que sequestra Doug – de novo – e ordena que os três amigos que restam que encontrem e tragam Chow, que havia roubado seu dinheiro. A partir daí o trio precisa encontrar o chinês e trocá-lo por seu amigo.

Sai a comédia do “o que foi que fizemos” e entra uma óbvia corrida contra o tempo para solucionar o problema apresentado. A anarquia sem muita noção dos dois primeiros filmes, é substituída por passagens de gosto muito duvidoso super expondo Alan e Chow, e maneirando em todos os absurdos que fizeram a fama da serie.

O mote do filme é fazer Alan crescer e virar um homem responsável, porém o filme se sabota já que além de não fazer nenhum força para tentar defender essa teoria que o restante do WolfPack pretende forçar, ainda introduz uma personagem detestável que funciona como par romântico de Alan. Em vez de abraçar a ideia, do “esse sujeito tem jeito e seu comportamento insuportável pode ter fim”, o filme covardemente prefere optar pela saída mais “engraçada”: vamos lhe dar um “clone fêmea”, igualmente desbocada, com humor grosseiro e claro, obesa, já que – como disse no igualmente péssimo Uma Ladra sem Limites – gordos só podem se relacionar com outros gordos. Ainda mais no campo da comédia, onde o gordo é mais um alvo de piadas.

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Deixados em segundo plano, os sempre mais engraçados e críveis Stu e Phil, apenas servem de escada para os momentos de “show” de Alan ou de Chow e que também trazem as voltas do Doug Negro e da stripper Jade (Heather Graham) em pontas que nada acrescentam ao filme. Outra preocupação é de relacionar os eventos dos filmes anteriores, como se tudo tivesse sido pensado desde sempre para esse formato de trilogia, o que além de ser uma mentira é um cuidado e um exagero muito grande para uma franquia de humor juvenil que tem como grande mérito não se levar a sério.

Contando com John Goodman canastrão e Bradley Cooper com vergonha, cabe ao sempre divertido Ed Helms o desafio de tentar encontrar alguma graça na trama (o que não consegue).Mais o pior de tudo é notar que a serie parece ter “amadurecido”. Saem o humor de banheiro com referências a bebedeiras, bobagens mil e questões sexuais e entra a preocupação com a amizade, aceitar-se como se é e crescer. Tudo muito bacana se o roteiro não fosse esquizofrênico e transita-se sem nenhuma noção por momentos de piadas bobas (Mr. Chow cantando ou andando de pára-quedas e todas as participações de Melissa McCarthy, péssima), com comédia de situação (os “heróis” tentando invadir uma residência) e essa ideia de fazer Alan amadurecer. E pior: sem encontrar graça em nenhum momento.

Se Beber Não Case 3 é uma tragédia. Daquelas comédias sem nenhuma graça, com personagens que nunca funcionam, roteiro cheio de problemas de ritmo e que não sabe direito o que quer contar (a ultima “cavalgada dos lobos” ou o amadurecimento de um deles?). Erra feio ao apostar nos personagens errados como protagonistas e pega o preço do erro: entrega um dos piores filmes do ano e de longe a comédia mais sem graça dos últimos anos.

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Dizem que é crítico de cinema, dizem que é um cara legal e dizem também que pode ser bem ranzinza. Outros, no entanto, dizem que "as vezes" ele acerta no que fala, enquanto outros - ele deve pagar essas pessoas - gostam do trabalho dele. Fã de Galactica, Doctor Who, Hayao Miyazaki, David Cronenberg, Dario Argento, Orson Welles, Grant Morrison, Neil Gaiman e comprador compulsivo de filmes.

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