Mesmo tema, Sentai diferente: Sucessores de Togakure

Se a Toei foi razoavelmente bem sucedida com suas duas séries sobre Dinossauros, agora a coisa foi além. As duas produções de ninjas, Ninja Sentai Kakuranger de 94 e Ninpuu Sentai Hurricanger de 2002, são realmente fantásticas. Tudo bem, os ninjas são coloridos demais para serem realmente ninjas mas, com tanta coisa legal, quem se importa?

Essa roupa deve esquentar bastante

Começando com Kakuranger, acho que um dos maiores méritos da série está em seus personagens principais. Apesar das personalidades de cada um não serem nada muito diferente do que vimos antes (o vermelho ousado, um amarelo um pouco medroso, o preto na dele, etc.), a forma como eles evoluem é bastante interessante. Logo de cara, temos que o vermelho não é, nem se torna, o líder da equipe. A liderança cai totalmente sobre a mais jovem do grupo, a Ninja White Tsuruhime. E isso é interessante pois traz uma dinâmica bem diferente à equipe. Ela inclusive é uma personagem muito bem desenvolvida e seria a minha favorita se não fosse um jovem rapaz chamado Jiraya.

Não, não esse

O Ninja Black é apresentado como um japonês que cresceu nos EUA, então não sabe falar a língua fluentemente. O mais legal disso é que eles realmente foram a fundo com esse conceito, explorando as barreiras de comunicação e costumes. Ele inclusive fala com um forte sotaque durante toda a série. Dei destaque a estes dois, mas todos os cinco são muito bem explorados. Kakuranger usa a velha tática de focar em um personagem por episódio, mas vai ainda mais além do que foi seu antecessor, Dairanger, por exemplo. Raros são os momentos em que se sente o peso de um protagonista, seja em Sasuke, o Ninja Red, ou em Tsuruhime.

Quem vem lá?

Passamos para 2002 e temos outra mudança drástica na dinâmica da equipe. Hurricanger começa com apenas três membros, depois entram mais dois e depois ainda um sexto, sendo que cada uma dessas frações são equipes por si só.

Primeiro temos os originais, Yousuke (Hurricane Red), Kouta (Hurricane Yellow) e Nanami (Hurricane Blue). O que eu acho legal desses três é que eles são heróis improváveis. Da escola Hayate onde eles estudavam, eram o fundo do barril, mas por uma lançada de dados do destino, foram os únicos sobreviventes e encarregados da missão de salvar o mundo. E isso é também um fator bem explorado. Eles são inseguros, erram bastante, chegam a ser estúpidos às vezes. Mas eles crescem e se tornam os heróis que precisam ser.

Já a outra escola, Ikazuchi, traz outros dois membros: Ikkou (Kabuto Raiger)  e Isshu (Kuwaga Raiger). De uma escola rival, eles nunca realmente se unem aos Hurricanger. Eles são uma outra equipe, com outro henshin, outra apresentação, outro nome. Até temos aqui um vermelho e um azul de cada equipe. Como já feito antes, eles começam como vilões, mas dessa vez eles não são enganados, ou coergidos. É a opção deles como escola rival. Disso até a união, é um longo processo

I am Ninja of Ninja

E, finalmente, temos um dos seres mais bizarros e divertidos de qualquer sentai: Shurikenger. Um ninja com duas formas, que ataca com uma espada/taco de baseball e é um grande coringa. E põe coringa nisso! Ele é interpretado por, ao todo, dez atores diferentes, todos atores antigos de super sentai. Então não só ele sempre aparece de surpresa, mas cada ator faz uma pequena homenagem ao seu papel original e aí incluímos nosso ídolo Kenji Ohba, referenciando Gavan. Sim, estou falando sério.

Elas mereciam uma série

Nos vilões, são duas equipes bem diferentes. Kakuranger tem grupos maléficos baseados em lendas do folclore japonês, incluindo seu líder, o estilosíssimo Daimaou (Grande Rei Demônio). Aliás, se alguém está reparando, diversos nomes que aparecem em Kakuranger aparecem em outras obras (como os ninjas Sasuke e Jiraiya de Naruto ou o Daimaou de Dragon Ball Z). Isso porque todos partem das mesmas lendas.

Enfim, a equipe de vilões de Kakuranger ainda se prende muito aos moldes antigos, mas são vilões extremamente carismáticos e interessantes, mesmo em suas limitações. Mas, a parte mais legal são as Hanarangers. Até hoje o único sentai do mal não bobalhão, elas dão uma excelente contraparte aos heróis.

Bang!

Sobre os monstros do episódio, eles são alguns dos melhores. Também baseados em lendas e mitos, seus visuais são bem definidos e lindíssimos. Além disso, uma coisa realmente legal da série é que os vilões não são simples buchas que morrem no final de cada capítulo. A grande maioria deles aparece mais de uma vez, o que dá uma sensação maior de dever cumprido com sua derrota. Pouquíssimos tokusatsus fizeram isso.

Já antagonizando os Hurricanger, temos os Ninjas Espaciais Jakanja. Devo dizer que raramente vimos vilões tão estilosos. Além do grande chefão centopéia Tao Zantou, temos os sete ninjas mortais que são seus generais. Das duas gracinhas, Windennu (acima) e a Sra. Controle de Qualidade Furabijou, ao armadurado enorme Sargain ao “inventor” Chuuzubo, os vilões da série formam uma organização muito bem definida, com disputas internas, alianças, traições e tudo mais. As interações entre eles e outros vilões que aparecem mais à frente, formam a graça.

Os monstros da semana, ninjas mecânicos e mais adiante orgânicos, são muito bem feitos e visualmente impressionantes. Apesar de não serem tão interessantes quanto os monstros mitológicos de Kakuranger, o visual e a forma com que as suas habilidades são definidas os tornam vilões bastante divertidos.

Azul bebê Toei, sério?

Visualmente, Kakuranger segue a sua ideia e tem visuais bem tradicionais. Na verdade, eu diria que o uniforme da equipe está entre os mais diferentes de todos os sentais, especialmente pela sua simplicidade. Realmente não agrada a todos, mas funciona para a série. Mas tem uma coisa que chama atenção acima de tudo: a cor do Ninja Blue. Ele é azul bebê. Isso, especialmente para um homem, fica realmente tenebroso. Mas Kakuranger compensa com as cenas de ação excelentes, e muita variação de técnicas e habilidades.

Nota 10 em estilo

Agora, isso já foi dito lá no podcast de Sentai Fashion Week aqui no site, e eu reforço: os uniformes de Hurricanger estão entre os melhores, se não for o melhor. Misturando o suficiente de tradição e modernismo, o visual ficou moderno, lindíssimo e totalmente a ver com a série. Assim como Kakuranger, Hurricanger abusa de técnicas ninjas em combate, com cada um dos seis tendo uma técnica totalmente própria, o que dá uma variação enorme nas cenas de combate.

Olha o grande

Agora, pra finalizar, a parte mais impressionante das duas séries: os mechas. De todos os mechas de todos os sentais, cinco dos mais legais são exatamente os dois de Kakuranger e os três de Hurricanger. O primeiro a aparecer em Kakuranger é, para mim, um dos mais diferentes e legais de todos: Muteki Shogun (traduzindo livremente, General Invencível, que é um nome muito maneiro). Ele é maior do que mechas normais (mas menor que o Gran Titan, por exemplo) e tem um design todo inspirado em castelos medievais.

Isso não só condiz com o tema mais tradicional da série, mas é uma identidade única, que poucas séries conseguem criar. Já o segundo é mais tradicional, mas ainda sim muito legal: Kakure Dai Shogun  (Grande general oculto). Quem viu o horroroso filme dos Power Rangers conhece bem esse sujeito, é o Zord Ninja sei-lá-das-quantas que eles usam. Apesar de nem de longe tão legal quanto o seu antecessor, ele é um dos mechas com cara mais tradicional mais legais, especialmente com a grande ave Tsubasamaru dando asas.

Outros sentais, moram de inveja

E finalmente, Hurricanger. Apesar dos nomes não serem nem de longe tão estilosos quanto os de Kakuranger, os três robôs são fantásticos. Cada um tem uma identidade própria, assim como seus respectivos times: o dos Hurricanger é bem tradicional, o dos Gouraiger é quase todo preto e o mecha do Shurikenger é bem, digamos, diferente.

O primeiro deles, por algum motivo favorito aqui da galera do site, é o SenpuuJin. Composto pelo falcão (cabeça), golfinho (braço) e leão (corpo e outro braço), tem um visual muito bacana, com tudo meio que parecendo brinquedos mesmo. Acho fantástico o detalhe de mostrar a parte interna, como um raio-x, detalhando os encaixes, engrenagens e tudo mais. E se tem alguém atento, sim, são os mesmos animais de Liveman,  mas muito mais legais.

Pouco depois aparece o mais bacana dos três: GouraiJin. Os dois veículos pesados Stag e Beetle (sim, igual a GoBusters) formam um mecha bem com cara de anti-herói, negro com detalhes azuis e vermelhos bem escuros. O gattai deles, complicadamente chamado de GouraiSenpuuJin usa uma figura familiar a quem viu Gokaiger, o pequeno robo ninja Furai Maru. Honestamente, apesar de ser um gattai legal, não é tão legal quanto suas partes separadas.

Missão do TenkuuJin: atrapalhar movimentos de braço

Já o TenkuuJin é outra história. Esquisitíssimo sozinho, tanto na forma de helicóptero quanto na forma de robo, ele foi basicamente feito pra se unir e tornar robôs legais, mais legais ainda. Do braço-canhão-ventilador no SenpuuJin aos canhões de ombro, que são sempre legais, no GouraiJin, ele funciona muito bem com o design dos outros.

E, meus amigos, se tem um robô forma final mais legal que o grandalhão TenRaiSenpuuJin eu desconheço. Estiloso, parece perigoso e não sofre do grande mal de ser um treco tão grande que mal se move. Em suma, nota 10.

Então, meus caros, tinha muito, mas muito mesmo mais a falar de ambas as séries, mas só digo uma coisa: Toei, mais ninjas, por favor! Até a próxima e…

BAMF!