Em termos de roteiro, muitas coisas diferenciam os seriados japoneses dos ocidentais, principalmente quando o assunto é contar uma aventura de heróis para crianças. Não é apenas a questão de ter um final, um encerramento definitivo para uma história, que é a regra geral em mangás, animês e seriados tokusatsu. Os heróis japoneses também sempre foram mais dramáticos, mais violentos e mais intensos que seus concorrentes estadunidenses. A ação sempre foi mais visceral e os resultados podem ser fatais até para o herói ou seus entes queridos, pois muitos heróis de seriados japoneses já morreram no último capítulo, sem contar pais, namoradas, irmãos, melhores amigos…
Mesmo no mundo em geral mais infantilizado dos seriados tokusatsu, por mais excitante que possa ser a ação, ela não é banalizada a ponto de ninguém se ferir e se acreditar que a violência não tem consequências. E uma vitória também pode ser amarga, como na vida real.
Flashman (de 1986) foi uma das séries exibidas no Brasil após a explosão de Jaspion e Changeman, na segunda metade da década de 1980. Nunca esteve entre as minhas favoritas. Achava os atores péssimos (especialmente os homens), os vilões sem carisma e odesign também não fez minha cabeça. A história, entretanto, tinha mais nuances que Changeman. Além de enfrentar um império espacial que almejava dominar a Terra, eles buscavam encontrar seus pais verdadeiros, pois os cinco membros do grupo foram abduzidos quando crianças, vinte anos antes.
Conforme a série foi avançando, foi ficando mais interessante. Novos vilões – os Caçadores Espaciais – foram introduzidos e as histórias começaram a ganhar um pique um pouco mais dramático. Isso culminou em uma das melhores batalhas que já vi em um seriado japonês, com os líderes dos grupos inimigos, Red Flash e Kaura (um personagem incrível), lutando com toda sua fúria.
Há um toque de filme de samurai, com dois rivais honrados lutando até a morte com suas lâminas ao entardecer. Tudo fazia lembrar outra batalha antológica filmada um ano antes, em Changeman, com a luta final entre Change Dragon e o Pirata Espacial Buba. Apesar de tudo, a filmagem de Flashman foi superior e a luta ganhou ares quase cinematográficos.
Nas versões americanizadas chamadas de Power Rangers, é impensável mostrar uma cena violenta como essa e com tal carga emocional. Recorde abaixo a belíssima batalha e, se você nunca viu, preste atenção na fotografia, trilha sonora e coreografia. Não se vê isso em seriados estadunidenses infantis.
Se você é daqueles pais e professores que se preocupam e se incomodam com a violência das produções japonesas, volto a recomendar o livro Brincando de Matar Monstros.
Saindo do assunto sobre intensidade dramática, mas continuando a falar de Flashman, a série tinha uma canção tema muito legal, que grudava nos ouvidos. Abaixo, você pode conferir a performance ao vivo do cantor original, o figuraça Taku Kitahara, no evento Super Sentai Spirits, de 2004.
Flashman também tem um lugar especial na minha vida profissional. Vinte anos atrás, foi com uma HQ licenciada dessa série que fiz minha estreia como roteirista, na Ed. Abril. Mas isso é assunto para um outro dia.
Vulgo Mozart Gomes é o Fundador , administrador e idealizador do Senpuu. Designer Gráfico, Mozenjaa é o responsável por todas as mudanças no layout do Senpuu, tanto as boas quanto as ruins. Fã de tokusatsu desde a era manchete, resolveu consumir diariamente todo o seu amor pelo tokusatsu, criando o Senpuu.
Excelente texto, não se espera menos que isso quando se trata do Alexandre Nagado sobre este assunto, e o que deu origem a estas cenas de lutas ao por do sol que acabou se tornando um clichê, foi a famosa luta de Miyamoto Musashi com Sasaki Kojiro um dos maiores estrategistas marciais, assim como Sun Tzu.
Eu sou iniciante de tokusatsus em geral, atualmente vi uma cena parecida com essa em Dairanger, aonde os personagens sangravam e se machucavam. E alguém foi quase morto no meio da luta.
Me surpreendi no duelo não houve transformação e realmente são os estilos dragão do kung fu, tirando um pouco do arame fu.
Concordo em gênero número e degrau meu caro Nagado. É EXATAMENTE esse o principal motivo das series originais japonesas serem superiores e muito as americanas. Não só na vertente tokusatsu não, os programas infantis ocidentais no geral, nem se comparam com os japoneses.
A cena do Change Dragon contra o Booba é realmente linda. Em Shinkenger (2009), fizeram algo no estilo na luta entre O Shinken Red (Takeru) e o Fuuwa Juuzou. Como foi um super sentai com tema de samurai, isso não poderia faltar, DE JEITO NENHUM! É uma grande série, a melhor da Era Heisei, na minha opinião!
bem interessante……
Excelente texto, não se espera menos que isso quando se trata do Alexandre Nagado sobre este assunto, e o que deu origem a estas cenas de lutas ao por do sol que acabou se tornando um clichê, foi a famosa luta de Miyamoto Musashi com Sasaki Kojiro um dos maiores estrategistas marciais, assim como Sun Tzu.
Grande texto do Alexandre!
Eu sou iniciante de tokusatsus em geral, atualmente vi uma cena parecida com essa em Dairanger, aonde os personagens sangravam e se machucavam. E alguém foi quase morto no meio da luta.
Me surpreendi no duelo não houve transformação e realmente são os estilos dragão do kung fu, tirando um pouco do arame fu.
Concordo em gênero número e degrau meu caro Nagado. É EXATAMENTE esse o principal motivo das series originais japonesas serem superiores e muito as americanas. Não só na vertente tokusatsu não, os programas infantis ocidentais no geral, nem se comparam com os japoneses.
A cena do Change Dragon contra o Booba é realmente linda. Em Shinkenger (2009), fizeram algo no estilo na luta entre O Shinken Red (Takeru) e o Fuuwa Juuzou. Como foi um super sentai com tema de samurai, isso não poderia faltar, DE JEITO NENHUM! É uma grande série, a melhor da Era Heisei, na minha opinião!
Ela e Boukenger tão pau a pau.
grande texto parabéns nagado. gostei de ler.
muito bom
sinto falta disso nos dias de hj!!!!