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Ghost In The Shell [Review]

Júlio Ashram 11 anos ago 6 90

No ano de 2029, no qual existe uma incrível capacidade tecnológica de criar praticamente qualquer coisa, o ser humano volta-se para um mundo virtual, fugindo da realidade de si mesmo. Isso resulta em uma época na qual a onda de crimes não pode ser evitada, apenas minimizada. Terroristas virtuais expandiram-se de forma assustadora diante da progressão da rede de informações. Assim, a tecnologia não está mais por toda a nossa volta. Ela está dentro de nós ou mesmo nós estamos dentro dela.

– Se você se especializa demais acaba criando fraquezas. –
Motoko Kusanagi

GITS 03 Kusanagi e Batou

Com uma história sensacional, essa obra incrível é um dos melhores filmes de ficção cientifica já criados. Produzido pelo estúdio Production I.G,  Ghost In The Shell obra original do mangaká Masamuni Shirow é dirigido pelo consagrado Mamoru Oshii(Patlabor) e foca bem mais do que conceitos tecnológicos, também aborda os conflitos pessoais de cada um personagem e em especial a nossa protagonista mais “foda”: Motoko Kusanagi chamada também de “Major”. Com o corpo inteiramente de titânio, preservando apenas o cérebro que é humano, ela vive questionando sobre sua existência, sua ligação para com o mundo e se todo ser pode ir sempre além do que lhe foi imposto.

GITS 01Sendo muito enigmática, jamais sabemos o que ela tem em mente, sempre imprevisível e de pulso forte com seus colegas de trabalho, Kusanagi é um ser dividido que não sabemos se é a máquina presa a um cérebro humano o vice-versa. Batou, um policial parceiro de Kusanagi, é extremo em alguns casos e parece nutrir algum sentimento por ela. Chefe de polícia do Setor 9, Aramaki é inteligente e firme o bastante para controlar as personalidades de Kusanagi e Batou às vezes parece ser maquiavélico para realizar serviços sujos e alcançar objetivos. Togusa é mais jovem policial do setor, um cara comum com mulher e filho e quase não possui implantes cibernéticos. Há uma cena em que ele pergunta a Kusanagi porque foi designado para a Seção 9 para trabalhar com eles e ela diz que ele é importante, pois é lado humano de todos, uma pessoa comum que tem uma vida comum. Logo, nota-se que a humanidade das pessoas vem se perdendo devido a cada dia estarem bem mais dependente de máquinas.

O vilão Puppet Master (se é que pode ser chamado de vilão) era um agente secreto definitivo, criado pelo governo de relações exteriores sem corpo físico e que podia viajar por toda rede mundial com a velocidade de um pensamento, invadindo e manipulando o que e quando fosse necessário. Seu nome é Projeto 2501, capaz de absorver conhecimentos e desaparecer sem deixar rastros em milésimos de segundo. Entretanto, os responsáveis pelo projeto 2501 cometeram um erro e a capacidade de absorver conhecimentos não mais ficou restrita aos seres humanos, mas a um programa com capacidades inimagináveis. Portanto, o 2501 chegou a conclusão fascinante de que ele não era mais um programa e sim uma consciência, uma forma de vida nascida no oceano de informações. Puppet Master não mais se interessava pelo virtual que o cercava e sim pelo mundo real. Sendo assim, solicita exílio político e uma verdadeira existência física em desafio a seu criador.

GITS 02 Puppet Master

Com esse enredo fantástico, Ghost In The Shell estreou no Japão em 1995 e, acreditem ou não, ele foi exibido nos cinemas brasileiros em 96, porém em pouquíssimas salas restrito a um número pequeno de estados. Além de ser um marco na história dos animes e também do cinema mundial, essa obra serviu de base principal para criação do filme Matrix dos irmãos Wachowski. Com uma animação incrível e uma ambientação excelente, Ghost In The Shell nos faz mergulhar em um futuro sombrio, onde o real e virtual se mesclam de tal forma que se torna quase impossível distinguir suas diferenças. O mesmo valendo para as máquinas, que caminham passo a passo ao lado da humanidade e, de certa forma, conduzindo-a por sua história.

Lembrando muito obras como Neuromancer (Willian Gibson) e Blade Runner (Ridley Scott), influentes no gênero cyberpunk, pode-se dizer que Ghost In The Shell é um marco por conseguir representar todo o contexto da máquina dentro de nós e nós dentro da máquina em uma única expressão. O “fantasma” é a essência que forma um ser humano, são suas lembranças, conhecimentos, instintos e sentimentos. Em outras palavras, o “fantasma” é a vida, a alma.

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Todas as cenas são muito bem elaboradas e muitas delas focadas no ponto de vista de Kusanagi, como por exemplo, quando ela está andando de barco olhando a paisagem e vê uma mulher exatamente igual a ela jantando em um restaurante e que nos faz pensar, será que é um desejo dela? Será que existem outras Kusanagis por aí? Será que chegou um tempo onde todos os seres vivos se tornaram um só? Outra sequência que pode ser destacada é a de Kusanagi entrando na mente de 2501 e logo vemos a imagem do corpo de Kusanagi e Batou, pois ela está agora no corpo dele. Oshii se preocupa muito em nos mostrar o ponto de vista da protagonista, em closes focando o que ela está olhando. Sem dúvidas um dos personagens mais brilhantes que já vi.

É um filme que resiste ao longo do tempo e, apesar da época em que foi lançando, se mantém muito atual. Quem não viu, fica a recomendação, tenho certeza que após esse anime, sua visão sobre ficção científica irá mudar. Destaco a dublagem original Kusagi (Atsuko Tanaka), Batou (Akio Ôtsuka), um de meus dubladores favoritos e que está impecável!

GITS 05 KusanagiE vai aí uma surpresa, a dublagem brasileira também está sensacional. A dubladora Noeli Santisteban (que infelizmente deixou a profissão) faz uma voz sem emoção, robótica igual a original, fazendo um trabalho incrível, todos outros personagens muito bem encaixados e com vozes semelhantes às originais, portanto, recomendo ver a versão dublada. Ghost In The Shell rendeu uma sequência também lançada para cinema, e tem séries para TV, mas sem ligação com a trama do filme.

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6 Comments

6 Comments

  1. Fabin disse:

    Uma das origens de Matrix, tinha que ser espetacular !

  2. RickieManson disse:

    Gostei de ler e relembrar da descoberta qndo guri, desta majestosa obra, a vi na epoca gracas ao Akira, que me fez devorar muitos longas de animacao por ter me deixado boquuiaberto. Ghost nao me decepcionou na epoca e ainda nao eh uma obra atemporal. obrigado, eh a animacao desta noite…

  3. Hyuga disse:

    Não vi ainda….mas despertou meu interesse após ler a resenha!!Mto bem escrita por sinal!

  4. rafael taira disse:

    muito bom. Já assisti 2 vezes e gostei.

  5. D.Souza disse:

    Conheci o anime e o mangá antes de lançarem o filme Matrix.
    A série Stand Alone Complex também é muito “PHODA”! [sim com PH mesmo…]
    E recentemente lançaram o Arise…
    Os OVAs, a série [Stand Alone Complex 1st e 2nd Gig], o mangá e toda a filosofias e teorias envolvidas…
    Quem ainda não conhece, conheça!
    Ghost in the shell é fascinante!

  6. Júlio Ashram disse:

    Exato D.Souza, o universo de GITS é fascinante mesmo, lembro que o filme foi baseado em alguns capítulos do mangá , as duas séries são bakanas mesmo como voce falou , e vai lançar um novo e formato ova também Ghost In The Shell Arise.

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