Todo ano, no dia 25 de maio, é comemorado o Dia do Orgulho Nerd ou o Dia da Toalha. Tudo começou em 2001, quando fãs do autor Douglas Adams, um escritor e comediante britânico, resolveram prestar as devidas homenagens póstumas. O autor foi o responsável pela famosa série literária O Guia do Mochileiro das Galáxias.
A série de livros conta com um humor escrachado e debochado, onde o que importa é rir de diversas situações conservadoras causadas pelo mundo, como a religião, burocracia e a política.
A toalha, objeto que foi bastante citado na obra, foi usada como solução de muitos problemas no espaço, segundo o autor na sua série de livros.
Após a morte de Adams em 11 de Maio de 2001, no dia 25 do mesmo ano, fãs do autor e da série de livros escolheram a data para expor suas toalhas, por ser o lançamento do filme Star Wars em 1977,o primeiro filme de ficção científica que mostra um pouco do espaço, favorecendo a exaltação do Guia do Mochileiro das Galáxias. Com a toalha, segundo o autor, podia-se sobreviver às condições letais do espaço.
Não há como negar que os livros de Adams e os filmes da franquia Star Wars ajudaram a popularizar costumes de crianças, jovens e adultos para outras áreas do entretenimento que treina a imaginação até os dias de hoje. Histórias em quadrinhos, videogames, mangás, animes americanos e japoneses, blockbusters, DVDs, VHS, terror trash, tokusatsu, séries, novelas, brinquedos, LPs, CDs, K7s, figures actions e etc são todos produtos do mundo “nerd” consumidos até os dias de hoje. Alguns com nichos pequenos e outros mais amplos.
É claro que, para cada produto do meio “nerd” existem fãs que consomem avidamente seus produtos. Alguns fãs conseguem expandir seus gostos. Ou seja, é possível encontrar aqueles que consomem doramas, séries americanas, filmes de terror trash, esquetes de humor, blockbusters e tudo ao mesmo tempo.
Mas existem fãs que não conseguem separar as coisas e são jogados de escanteio. Por causa desse tipo de comportamento isolado, o nerd, antes de 2001, não era visto com bons olhos. A prática do bullying vindas de pessoas “normais” pra cima do nerd era constante.
No decorrer das décadas, ser noveleiro, toku-fã, gamer, desenhista de quadrinhos, músico ou consumidor de outros produtos nerds era visto com maus olhos, principalmente pelos mais velhos. Se a pessoa não era descolada, não consumisse as músicas e filmes do momento, não lesse os livros da moda, era desprezado.
Mas, a partir de 2001, após o lançamento do Dia da Toalha, ser nerd ganhou outro significado. Ser nerd se tornou algo mais popular e descolado. Na verdade, o termo “nerd” hoje se tornou derivado do termo “geek”, que é mais específico para hobbies.
Por causa disso, os que se consideravam “nerd” raiz passaram a tratar os novos consumidores e produtos com desdém. Hoje em dia, muito se faz piadas com o “nerd raiz” que gosta de questionar os produtos e os fãs novos.
FÃS DE ANIMES E TOKUSATSU
O lado perverso desse nicho está relacionado a animes e séries que foram exibidos na emissora Rede Manchete de 1988 até 1998. Muitos consumidores de animes e tokusatsus acham que SÓ o que foi exibido ali presta e o que veio antes e o que veio depois não possui o seu devido valor para a respectiva geração que os consomem.
Se alguém consumir algo de 60 anos atrás, o resultado é desastroso para fãs antigos nas mãos desse tipo de nerd. Se consumir algo da atualidade, esses sofrem com adjetivos pejorativos que põem em xeque a sexualidade e a inteligência do fã.
O que esse tipo de nerd precisa entender é que os japoneses não param de produzir e consumir animes e tokusatsus para eles (o público alvo) e que já é um mercado de quase 70 anos. Nós consumimos animes e tokusatsus de “entrões” que somos e existem animes e tokusatsu para todos os gostos, idades e tipos. Não precisa o nerd ir apontar para o amiguinho o porquê dele não assistir só a geração “Jaspion – Cavaleiros do Zodíaco”.
FÃS DE NOVELAS
Esse tipo de nerd é o que MAIS sofre preconceito no meio. Muitos nichos não consideram os noveleiros como “nerds”, por consumirem um produto sem apelo entre os jovens, mas entre os de mais idade.
Por que podemos considerar uma novela como um produto nerd, mesmo para pessoas de mais idade? Simples! Do mesmo jeito que um fã de séries como Grey’s Anatomy, Dexter e The Big BangTheory são dedicados a ter informações sobre a vida dos atores, de bastidores de produção, da trilha sonora, compram produtos relacionados, acompanham os episódios por meses ou anos a fio, um noveleiro age do mesmo jeito.
Então o nerd que consome séries não é MUITO diferente das pessoas que consomem novelas brasileiras ou latinas. À parte das diferenças técnicas de produção de séries e novelas, o entusiasmo e dedicação desprendidos pelos fãs dos dois tipos de entretenimento são os mesmos.
FÃS DE DORAMAS
Doramas são novelas asiáticas que geralmente são transmitidas uma vez por ano e em poucos capítulos. Às vezes, o final de um dorama é concluído num filme especial. E é MUITO raro um dorama ter mais de uma temporada.
Qual a mazela dos fãs de doramas? Isso não é algo tão complexo como para os noveleiros americanos e brasileiros. O problema do nerd dorameiro está na nacionalidade do dorama. Em grupos de doramas na internet, só é considerado “dorameiro” se consumir a maioria dos doramas da Coréia do Sul.
Outros países como China, Japão, Taiwan e Tailândia também produzem doramas e NEM são mencionados em sua maioria entre dorameiros por “não serem da Coréia do Sul”. E para consumir doramas, tem que escolher um “oppa” (expressão coreana para “irmão mais velho” ou “um homem superior” na pirâmide social), que são os galãs desses doramas.
Também tem que consumir K-Pop e saber as coreografias das bandas sul-coreanas. E é muito difícil encontrar alguém que consome doramas de outros países, pois temem serem retalhados por fãs de K-Dramas. Mas podem consumir de boas esses doramas que, independente do país, são doramas e fazem parte do entretenimento.
FÃS DE GAMES
Esse é um dos mais tóxicos do meio nerd e um dos mais complexos. Primeiro, existe o fã nerd que não aceita que quem joga game de celular não seja chamado de “gamer”. Para ele, tem que jogar o jogo num console físico. Se não tiver pelo menos UM console em casa, não serve para chamar de gamer. Isso vale também para partidas on-line em sistema de streaming.
Outra disputa de ego que encontramos no meio gamer-nerd está no fato dos defensores de empresas desenvolvedoras de games como Namco, SNK, Capcom, Nintendo,Sony, Sega, Ubisoft, EA e entre outras. Atualmente, muitos jogadores usam as ferramentas dispostas nas redes sociais para atacar o fã de outra empresa.
Tem gente que não aceita que outros jogadores possam jogar outras empresas e usam suas redes sociais para explanar o ódio. Fora aqueles que cobram a famosa “carteira-gamer” (“só é um jogador se conseguir zerar tal jogo em xis tempo e com xis pontuação”).
Temos também aquele gamer que não gosta da facilidade dos jogos atuais e preferem as “dificuldades” dos jogos antigos. Usam como argumento de que “antigamente se descobria na raça como se jogar e hoje já encontram tudo mastigado”.
Não há como negar que tem gente que se divertia com os modelos de jogos de antigamente. Compravam-se revistas de games nas bancas e anotavam os códigos em cadernos para outras ocasiões. Hoje, temos a facilidade da internet que colabora com jogos. Isso quando o próprio jogo não facilita a vida do jogador, fazendo com que fãs veteranos resmunguem por aí de não se ter jogo de verdade.
Gente… se a pessoa se diverte numa tela de celular, ela é gamer. Se ela prefere empresa Z e você prefere X, ambos são jogadores. E se um determinado jogador se diverte com a mobilidade dos jogos de hoje ao invés de um jogo antigo, ele continua sendo gamer. E se você prefere consoles ao invés de celular e videogames antigos ao invés de jogos atuais, isso é bom! O que importa é que ambas as faces da moeda se divertem com seus jogos e ninguém pode ou deve interferir no que outro joga. Tudo é diversão e alegria.
FÃS DE CINEMA
O cinema é um dos principais hobbies do meio nerd da atualidade. Mas sua fan-base consegue ser tão complexa como a de gamers. São duas as “guerrinhas” internas no meio. Vamos encontrar os Fãs de Clássicos VS Reboot/Continuações e Fãs de Blockbusters VS Cults.
Vamos pegar os fãs de Star Wars, por exemplo. A maioria só consegue enxergar a mitologia da franquia presente nos filmes de George Lucas das décadas de 70/80, outros ainda acrescentam os filmes da década de 90 e a classe veterana se recusa a aceitar os filmes da década atual. Esse desprezo pelos filmes atuais se deve ao fato de muitos acharem que cada filme que eles conheceram no passado ser de uma mitologia diferente e intocáveis. Ou seja, não se pode e nem deve mexer no que foi feito antigamente.
Esse tipo de culto também é feito também por filmes que tiveram continuações, sendo que o primeiro é exaltado e as continuações não. Um exemplo está na franquia Tubarão, que tem o primeiro filme cultuado e as continuações desprezadas pela maioria.
Essas comparações também são recorrentes quando temos um remake (refilmagens de filmes, séries e novelas para uma linguagem moderna para um novo público) e reboot (uma nova adaptação de um produto para cinema ou TV para um outro público). Infelizmente (ou felizmente), essas produções vão viver nas sombras da obra original. E comparações serão inevitáveis.
A outra faceta dessa guerra no cinema está nos amantes de blockbusters vs cults. Os blockbusters são aqueles filmes de forte apelo comercial para um público de “massa”. Os cults têm forte apelo cultural e alto valor artístico, com um público menor.
Mas o que muitos fãs de cinema precisam entender é que, tanto um quanto outro possuem clássicos dentro de seus grupos. E se todos se sentem felizes assistindo com o que gosta, ninguém tem o direito de interferir no que o colega gosta.
FÃS DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS (HQs)
Agora vamos falar de outra fan-base que comete umas discrepâncias. Os fãs de histórias em quadrinhos em geral, são os mais rígidos. Temos fãs de quadrinhos de adultos, infantis, de empresas, que curtem quadrinhos antigos, atuais, de quadrinhos ocidentais, orientais e uma infinidade de coisas. Os fãs de quadrinhos são mais “elitizados”, quando não deviam ser assim.
Por exemplo, fã nerd de quadrinhos possui dificuldade de aceitar que novos consumidores de quadrinhos podem surgir depois de verem um filme adaptado de suas histórias. Isso acontece principalmente entre os fãs de quadrinhos adultos, como os da Marvel e DC, que possuem uma vasta experiência no cinema.
Com a visibilidade de filmes de heróis, os quadrinhos passaram a ganhar novos consumidores, fazendo com que veteranos não aceitem essa nova leva de fãs, os acusando de “modinhas” pejorativamente. O fã de quadrinho devia agradecer ao cinema por trazer novos consumidores.
Outra guerra comum no meio nerd de fãs de quadrinhos são os de histórias antigas vs histórias atuais. Os fãs mais antigos não aceitam mudanças nas histórias originais, como figurinos de personagens, etnias, origens, opções sexuais e entre outras coisas que são apontadas como erro por não fazer parte de toda a mitologia original da série em quadrinho.
Há também os fãs que descobriram as HQs hoje em dia e não aceitam o modo como era feito de antigamente. Acham que o modo em que os roteiros eram conduzidos são ultrapassados para os tempos modernos e sempre julgam pela capa. Uma coisa que esses fãs precisam saber, tanto os antigos como os novos, que HQs, antes de serem obras de arte, são máquinas caça-níqueis ilustradas. Eles precisam, além de entreter, vender. Se não vender, não temos mais histórias sendo produzidas.
E isso é em qualquer meio. E, para vender, precisa se adaptar aos novos tempos. E para conseguir conquistar uma nova geração de consumidores, precisam ser conduzidos com o modo que a nova geração pensa sem perder a essência do que foi antigamente. Afinal, fãs não são eternos.
Não podemos esquecer de mencionar a guerra entre empresas, sendo que as mais famosas são as dos quadrinhos Disney vs MSP (Maurício de Sousa Produções) e DC vs Marvel. A Disney estreou nas bancas brasileiras no ano de 1950 com uma edição do Pato Donald. A MSP estreou em tiras em 1959 e só em 1970 que ganhou a primeira revista própria pela editora Abril. De lá pra cá, as duas tem disputado a tapas a atenção de fãs mirins para consumirem seus produtos.
Mas essa disputa é até leve comparada a DC vs Marvel, as mais famosas e antigas do mundo. A guerra entre fãs se estendeu para outras plataformas, como cinema, animações e brinquedos. Só que, a partir de 1996, houve um crossover entre as duas editoras, fazendo com que fãs votassem em quem seria a vencedora. Há rivalidade entre os fãs das duas gigantes até os dias de hoje. Mas já houve crossovers em que heróis das editoras trabalhassem juntas, como foi o clássico Spider-Man e Batman que tiveram que trabalhar juntos para derrotarem Ra’s Al Ghul e Rei do Crime.
Em 2020, com o início da pandemia, as duas empresas cogitaram mais um crossover entre elas para os heróis das duas empresas trabalharem juntos, deixando de lado qualquer rivalidade entre as empresas e seus respectivos fãs.
Para encerrar a parte de quadrinhos, temos também os fãs de quadrinhos ocidentais que não aceitam os orientais e vice-versa. Os quadrinhos japoneses (mangás) chegaram com tudo no ocidente e estão disputando de igual pra igual com gigantes americanas. Muitos mangás estão vendendo assustadoramente e ameaçando a supremacia em popularidade dos quadrinhos ocidentais nesse lado da Terra.
Vale ressaltar nesse tópico o fato de que essa indústria está crescendo. Os fãs antigos estão envelhecendo e, para vender para a nova geração, é necessário respirar novos ares e respeitar a modernidade. As empresas estão trabalhando no seu ritmo. Existem quadrinhos para todos os gostos e todos os públicos. Basta aceitar e curtir e pronto!
Com essa amostra (ainda pequena) de diversos nichos, chegamos à conclusão de que o meio Nerd/Geek pode ser bem complexo.
O dia 25 de maio deve ser celebrado por TODOS os públicos que consomem algo num hobby saudável com muita alegria. E aos que gostam de tentar dividir seus gostos e impor suas regras, ignorem.
Você pode curtir animes, tokusatsus, mangás, comics, doramas do Japão, da China, Coréia, filmes cults, clássicos, blockbuster, novelas americanas, novelas brasileiras, da Globo, Manchete, Record e etc.
O que importa mesmo é você ser feliz. É essa a mensagem que nós, do Senpuu, queremos passar para vocês! Sejam felizes com os produtos que vocês consomem!
Não permitam que outros interfiram nos seus gostos e suas opiniões. O mundo Nerd/Geek é vasto e encontraremos produtos para todos os gostos. A mensagem que esse mundo gigante tem para passar é essa: “Levante a cabeça, olhe as estrelas e o mar… o melhor da vida é estar livre pra sonhar!”
Ser Nerd é estar de bom com a vida em termos de tudo sob a forma de entretenimento!!!! Games, Gibis, rpg, filmes!!!! valeu!!!!