Fala trupe! Este mês compartilho minha imensa alegria com todos vocês e por quê? Faz um ano que ingressei no maior portal de tokusatsu do planeta: o Senpuu, do qual tenho imenso prazer de fazer parte e seguir nessa jornada mais que especial com meus amigos (amados) Mozenjaa, Fire e Patrine e todos outros que fazem parte desse trabalho maravilhoso. Passou rápido desde abril do ano passado quando publiquei minha primeira resenha sobre o anime Serial Experiments Lain e recebi muitos elogios e incentivos a continuar com o trabalho. O que posso dizer? Muito obrigado por estarem junto com o humilde servo há um ano!
E, para comemorar, não poderia deixar de fazer uma matéria super especial a qual dedico a Fire e Patrine que me pediram para fazer um análise dessa obra que, além de consagrada, é uma das melhores já criadas. Rurouni Kenshin – OVAS, batizado carinhosamente de Samurai X nas terras tupiniquins. Nesse rewiew, falarei do OVA – Rurouni Kenshin: Tsuiokuhen, que mostra a saga de nosso querido andarilho em seus dias conturbados de Retalhador, quando sua espada buscava a paz, mas para isso precisava cravar um caminho de morte, sangue e solidão.
Vocês que acompanharam meu trabalho no Senpuu ao longo desse um ano sabem que faço questão sempre de exaltar o trabalho dos diretores, pois eles são responsáveis por retratar nas telas o que folheamos nos mangás e muitos deles conseguem fazer isso de forma tão competente que acabam superando até mesmo a obra original. É o caso do mestre (sim, devo chamá-lo assim após dirigir obras magníficas) Kazuhiro Furuhashi (Ranma ½ e Hunter × Hunter) que dirigiu o espetacular, Rurouni Kenshin: Tsuiokuhen.
No primeiro capítulo, nas primeiras cenas, já vemos o brilhantismo de Kazuhiro, mostrando o pequeno Shinta viajando com um grupo de vendedores de escravos. Nesse ponto, a imagem se fecha em seu brinquedo, um peão de madeira. Shinta, junto de suas imãs de consideração e o restante das pessoas que seguem viagem, são atacados por alguns bandidos e ele presencia a morte cruel de todos eles. Um das irmãs que tenta protegê-lo diz que ele é ainda é muito jovem e precisa viver, está irmã de Kenshin está usando um vestido na cor vermelha.
Kazuhiro irá sempre retratar as cenas de Kenshin com essa cor, seja com o sangue decorrente nos quatro capítulos do OVA, na flor que ele coloca sobre o corpo do noivo de Tomoe, em seu peão, nas roupas de Tomoe, dentre outras coisas. Shinta é salvo pelo mestre espadachim Seijuro Hiko e enterra todos os massacrados e também os bandidos. Nessa cena, somos presenteados com uma rima visual belíssima, os túmulos dos corpos estão com cruzes tombadas em forma de “X” fazendo referência à cicatriz que nosso herói irá ter no futuro.
Após Seijuro ficar surpreso com que o garoto fez, resolve adotá-lo e treiná-lo para que aprenda o estilo supremo da espada, o “invencível” Hiten Mitsurugi, a arte de retalhar todos inimigos à sua volta, e renomeia Shinta de Kenshin Himura (espírito da espada). A partir daí, a narrativa foca entre o passado (treinamento) e o presente de Kenshin, que agora trabalha para Katsura Kogoro, líder de um clã chamado Choshu, que visa à restauração.
O próprio Katsura, junto de seu amigo Takasugi Shinsaku, escolheu Kenshin nos campos de recrutamento onde ficaram abismados com a técnica dele. Já no Clã Choshu, Kenshin em um de seus serviços como assassino é enviado para matar Jubei Shigekura, um líder de outro clã, que está acompanhado de seus guarda-costas, sendo que um deles é Kyosato, um jovem que mesmo em tempos de conflitos está feliz e logo irá se casar com sua amada Tomoe. O personagem também é morto por Kenshin, mas antes consegue atingir o samurai no rosto com a espada, marcando-o com sua primeira cicatriz.
Kenshin fica surpreso com a persistência do jovem e inconscientemente isso começa a assombrá-lo. Katsura pede a Kenshin para acompanhá-lo em um encontro com membros de outros clãs, porém o protagonista se recusa dizendo que é apenas um assassino e nada mais. Kenshin começa a perceber que seu corte no rosto não cicatriza e está sempre sangrando. Com tempo, outros clãs como o Shinsengumi (clã do personagem Saito) suspeitam de um assassino chamado Batoussai o retalhador e assim começam a enviar assassinos para se livrarem de Kenshin a todo custo.
Em um desses ataques, o protagonista é quase morto por outro assassino como ele, mas consegue vencer matando seu adversário fazendo sangue jorrar e cair sobre uma garota que andava pelo local, seu nome, Tomoe Yukishiro, a noiva de um dos homens que Kenshin matara. Essa cena é sensacional, ilustrada com uma das lutas mais tensas do retalhador e completada por uma frase de Tomoe: “Você realmente fez chover sangue!” essas palavras fazem com que Kenshin largue sua espada, simbolizando que até mesmo uma frágil mulher com apenas palavras pode desarmar o mais terrível dos assassinos.
Paralisado ao ver a moça coberta de sangue da vítima, o samurai fica em um dilema se a mata ou a deixa ir, porém não demora para que ela desmaie e Kenshin a leva para a taverna onde membros de seu clã e de outros se reúnem. Lá, ele pede para a ama da casa cuidar de Tomoe e é avisado que não existem mais vagas, mas ele pode ficar no quarto de costume com a mulher. Os dois passam a noite lá, onde ele tem um sonho no qual assassinava Tomoe. Kenshin retorna ao seu trabalho e Tomoe agora trabalha temporariamente na Casa de Reuniões.
Por precaução, Katsura pede para que Izuka, um homem misterioso que fica sempre responsável pela limpeza dos locais onde Kenshin assassina os inimigos, investigue o passado de Tomoe e comenta sobre o ataque que Battousai sofreu na noite anterior, suspeitando de um possível traidor. Mais uma vez, um trabalho excelente de direção fechando a câmera em Izuka, que é o único personagem que se encontra de costas aos demais.
Katsura pede para que Tomoe cuide de Kenshin, que seja uma espécie de “bainha” para sua espada, e que somente uma mulher com um bom coração é capaz de acalmar o instinto assassino de um homem que escolheu esse caminho. A personagem Tomoe é sempre retratada e comparada a flores ao decorrer da narrativa. Essa linguagem visual ficará nítida desde o primeiro episódio, sendo Kenshin com a “espada” e Tomoe com as “flores”.
O clã Shinsengumi decide agir e atacam toda cidade, colocando a vida de Katsura em risco. Kenshin é avisado por Isuka, que parte levando Tomoe. Ao encontrar com membros do outro clã, o protagonista decide matá-los e a moça diz que quer ver como ele mata seus oponentes e também diz para ele que toda espada precisa de uma bainha.
Durante a fuga, novamente ele se depara com outros inimigos, mas desta vez a moça, com sutileza ao pegar na espada de Kenshin, pede para ele não assassiná-los, o que causa uma surpresa a ele. Katsura consegue escapar e, ao se encontrar com o protagonista, pede para que ele se mude para Otsu até se reorganizarem e lhes fala para assumirem a identidade de marido e mulher para não suspeitarem de ambos.
Em Otsu, o casal começa a levar uma vida calma e tranquila, longe do inferno que foi Kyoto. O início desse capítulo é marcado por outra rima visual de Kenhsin cortando lenhas e ao som de cada corte mostra uma cena dele retalhando seus inimigos (lembrando que o áudio de toda obra é importantíssimo para o crescimento dela e, nesse ponto, também está impecável).
Ao jogar seu pião (ele ainda carrega consigo o brinquedo de infância), Kenshin relembra seus tempos de criança e quando ajudava o pai na lavoura e diz a Tomoe que podem plantar seus alimentos. Isuka os visita algumas vezes para relatar ao samurai o andamento de seu clã e trazer remédios para que ele possa vender e obter dinheiro.
Um detalhe importante: a roupa que Tomoe usa para ajudar Kenshin no plantio é vermelha e na cena seguinte, na qual ela está cuidando de flores, a personagem menciona a Kenshin que viu libélulas vermelhas. Em outra sequência, onde eles são mostrados voltando para casa, passam por um lago vermelho e um pôr do sol da mesma cor (lindo). O samurai começa acreditar que pode viver essa vida para sempre. Tomoe, ainda tomada pelo desejo de vingança e lembranças do assassinato de seu noivo, começa a viver um dilema, tornando-se escrava da dívida, pois também passa a amar Kenshin e aos poucos vai desistindo dessa vingança.
Kenshin, agora decidido sobre o que quer, analisa sua vida de assassino e se corrige, dizendo que sempre pensou em ajudar os fracos com sua espada, (coisa que ele chegou a discutir com seu mestre) mesmo que isso causasse muitas mortes. Porém, viu que estava totalmente errado e que apenas sua vida poderia ser protegida pelas suas próprias mãos. Tomoe acaba se entregando a esse amor pelo espadachim. Isuka, usando o irmão da moça, Enichi, começa arquitetar um plano para matar Kenshin. O jovem já nutria um ódio pelo protagonista, já que sabe que ele é responsável pelo sofrimento de sua irmã.
Tomoe, também sabendo do plano, parte em direção à cabana onde estão tramando contra vida do samurai porém, ao chegar, admite não poder fazer isso mais, e que o ama. Kenshin, sem saber onde a moça está, recebe a visita de Isuka que diz que ela é o “espião” que tanto procuravam. Então, o protagonista parte em busca da amada, com o coração frágil e a mente perturbada, tornando-se presa fácil para os ataques dos assassinos contratados para dar cabo dele de uma vez por todas.
Desorientado, o espadachim andando pelo caminho da morte que o espera, é assombrando por visões de seus crimes. A principal é a morte de Kyosato, noivo de Tomoe. Ao longo desse caminho, Kenshin segue enfrentando outros assassinos e os vencendo, mas fica muito ferido. Do outro lado, Tomoe começa também ser assombrada pela sua escolha atual e se lembra do noivo, da promessa de ficarem juntos. O protagonista já bem debilitado vai chegando ao local, em outra cena maravilhosa, que o mostra percorrendo um caminho de todos os corpos de pessoas que ele matou com uma chuva de pétalas de ameixeira e adivinhem a cor? Vermelhas.
Com uma última luta eletrizante, na qual Kenshin está visivelmente abalado e sem forças pra lutar, encara um assassino obstinado a completar sua missão. O samurai então decide dar seu “último golpe”, com os pensamentos todos voltados à Tomoe e, cheio de arrependimento de seus crimes, ele se joga em direção à morte, já que nada mais lhe restava. Ao fazer isso, a mulher se coloca na frente para impedir o ataque do inimigo e, sem enxergá-la, Kenshin desfere o golpe mortal sobre ela e o inimigo.
O espadachim mal consegue acreditar no que fez. Tomoe em seus braços, coberta de sangue, antes de morrer faz um pequeno corte no rosto de Kenshin com sua faca que sempre carregara fazendo a cicatriz em forma de cruz e que nos abre um leque para várias interpretações (pelas quais cabe a você que assiste interpretar). Após esses acontecimentos, o protagonista diz ainda não estar pronto, mas que mais cedo ou tarde irá largar a espada e nunca mais irá tirar uma vida. Agora, seu caminho ficou marcado por fantasmas do passado que sempre irão persegui-lo, no entanto, ele sabe que deve seguir em frente.
Esse OVA não impressiona apenas pela história, mas pelo contexto tão bem feito, rimas visuais, trabalho de som sensacional e arte feita por Masahide Yanagisawa, com uma das melhores animações já feitas. Chega a ser um show visual muito diferente dos traços da série de TV que tem um tom mais cartunesco.
A produção é obrigatória para os fãs e também para quem curte animes e filmes, pois a dedicação que Kazuhiro teve com essa obra encanta por tudo mostrado nela. Um clássico, sucesso de crítica, que merece ser visto e revisto. Vida longa às obras feitas com amor!
E vocês? Que acham desse OVA? Deixem comentário, suas análises, visões, compartilhem o que acharam de Rurouni Kesnhin Tsuiokuhen. No próximo rewiew vou comentar sobre o segundo OVA que narra o que aconteceu com nosso herói samurai: Rurouni Kenshin: Seisohen.
Um review espetacular, para uma obra espetacular, adoro esse OVA e sempre assito