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O Insulto [Crítica sem spoilers]

Júlio Ashram 6 anos ago 0 15

O Insulto é o tipo de filme que nos faz sair do cinema e refletir sobre a vida. Concorrendo ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, a produção conta a história de dois homens, Tony Hanna (Adel Karam) e Yasser Abdallah (Kamel El Basha) que, ao se desentenderem por um simples acidente, não imaginam que o processo aberto tomaria proporções gigantescas a ponto do país inteiro acompanhar o julgamento.

Mas qual seria o foco aqui? O julgamento? O desentendimento? Posso dizer que não. A natureza humana é muito raivosa, basta olhar ao redor que conseguimos perceber o quão presente os comportamentos agressivos estão em nossas vidas. Na projeção, o diretor Ziad Doueiri, faz questão de mostrar como essa natureza cresce a cada dia e como ela surge nos lugares menos esperados. A “briga” entre os dois protagonistas serve como um simbolismo para abordar conflitos que vem acontecendo em lugares como Israel e Líbano há muito tempo.

Além desse viés, o filme consegue mostrar, de forma sutil e com bastante poesia, o quanto todas as guerras causam traumas e sofrimento a quem sobrevive a elas e a influência desses conflitos nas pessoas mesmo após “a conclusão” deles, numa espécie de “bolha”, com um conceito de “eu sai da guerra, mas ela não saiu de mim”. É impressionante como os dois protogonistas, um libanês e outro palestino, conseguem transmitir isso apenas trocando olhares.

As atuações estão perfeitas, como é comum em atores do Oriente Médio, com destaque para Diamand Bou Abboud e Camille Salameh que interpretam pai e filha, ambos advogados, defendendo lados opostos. A forma como mostram isso em cena tentando convencer o juri (os espectadores) sobre quem está certo afinal de contas. Mas, em uma “guerra”, existe lado certo?

Forte candidato a ganhar o Oscar em sua categoria, O Insulto é definitivamente um dos melhores filmes lançados no Brasil em 2017. Muito recomendado, se possível, assistam no cinema e tentem absorver tudo que o diretor tenta dizer ao público. Antes de tudo, religião, países, gostos, cultura ou ideias, existe a raiva. E ela faz parte da natureza humana, nasce conosco e morre conosco.

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