Menu

Victoria & Abdul [Crítica sem spoilers]

Nickolas Xavier 6 anos ago 0 15

Victoria & Abdul começa informando seus espectadores que a história é “baseada em fatos reais… quase tudo”. Na realidade o roteiro foi baseado em um livro com o mesmo nome do escritor Shrabani Basu e o filme retrata a relação de amizade e um quase romance entre a Rainha Victoria e um servo indiano chamado Abdul, alguns anos antes da morte da rainha.

Trabalho em grupo

Fazer um filme para audiência global não é tarefa fácil, normalmente eu reconheço como positivo o esforço de diretores e produtores que entregam algo razoável, mas o que vemos na tela é um desastre sem tamanho. Me pareceu que uma professora do ensino fundamental exigiu que pessoas que não se gostam façam um trabalho em grupo e o produto final é aquilo mesmo que você pode imaginar.

Notei um grande esforço em entregar um figurino de encher os olhos, mas a fotografia é esquizofrênica que, às vezes acerta e outras vezes exagera em planos super close (me senti assistindo uma produção da Globo). Outra coisa que não faz sentido pra mim é a atmosfera cômica nos dois primeiros atos e o drama no terceiro ato que quebra a experiência do espectador.

Eu não sou racista, meu melhor amigo é negro

Existe uma intenção de criticar a opulência e a ignorância do sistema monárquico britânico desde o primeiro ato do filme, encabeçado principalmente pelo personagem interpretado por Adeel Akhtar, mas que não consegue sair da superfície. A visão apresentada é somente na perspectiva da Rainha Victoria (Judi Dench) e sua criadagem, bem eurocêntrica. Passamos os três atos do filme sem saber as motivações de Abdul (Ali Fazal) encarnando a caricatura de um indiano submisso, que agradece incontáveis vezes por ser explorado pelos monarcas.

Intenção não é suficiente. Diretor e roteirista premiadíssimos que não conseguem enxergar além do seus próprios umbigos. Acho interessante o conceito de lugar de fala que nos faz entender um pouco o motivo da fragilidade do que tentam alcançar com essa comédia.

Anos 90

Tentaram ainda passar pano pra Rainha Victoria, pintando-a como uma monarca muito mais aberta a entender as diferenças em contraste com sua criadagem e seu filho herdeiro do que realmente foi. O roteiro ainda chega perto do ridículo fazendo a rainha repetir diversas vezes que é gorda, chata e boba.

Aceitaria a existência desse filme se ele tivesse sua estreia lá na década de 90 junto com Top Gang do Charlie Sheen. Me venderam a produção como uma biografia histórica dramática e entregaram uma comédia digna de Zorra Total, Trapalhões e A Praça é Nossa, com um final dramático super broxante. A melhor coisa de Victoria & Abdul é o pôster.

– Advertisement – BuzzMag Ad
Leave a Reply

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

– Advertisement – BuzzMag Ad