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Vidas Ao Vento [Review]

Júlio Ashram 10 anos ago 0 11

Fala trupe! Hoje falaremos de uma obra incrível que tive o privilegio de assistir: Vidas ao Vento (Hayao Miyaki), um filme sobre um projetista que jamais desistiu de seus sonhos. Como quero que todos vejam, não darei spoilers para quem ainda não assistiu.

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Quando falamos de Hayao Miyazaki, logo nos vem à cabeça obras incríveis como A Viagem de Chihiro, Princesa Monoke e o Castelo Animado. O fato é que esse senhor vem nos encantando ao longo de seus mais de trinta anos de carreira com obras memoráveis. Vidas ao Vento (Kaze Tachinu) nos cativa não por acrescentar à fórmula de Miyazaki e sim por desta vez ir além e fazer um filme adulto e dramático. Obrigado, mestre!

Passada na década de 20, a narrativa conta a história de Jiro Horikoshi, o designer que criou o Mitsubishi A6M Zero, um avião de guerra japonês que fora utilizado na derradeira Segunda Guerra Mundial. O longa conta a história de Horikoshi nos tempos difíceis que antecederam o conflito, passando pelo grande terremoto que devastou Tóquio em 1923.

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Vocês então podem se perguntar: porque esse filme se faz de diferente dos outros dirigidos por Miyazaki? A realidade. Não contendo elemento de fantasia, ele retrata como foi a dura vida naqueles tempos sofríveis e sem esperança. Criticada por humanizar um personagem que criou tanta destruição (o filme deve ser mal recebido nos EUA, já que Pearl Harbor foi devastado pelos Zeros), a animação tem uma mensagem clara de pacifismo, um tema recorrente na obra do veterano realizador japonês.

Fala-se de frequentemente de que voar é um “sonho amaldiçoado” e Jiro é atormentado pela corrupção em armas de guerra nos seus desejos de criar algo belo. Como já de costume em obras de Miyazaki, a arte é sensacional. As retratações dos aviões e o carinho especial como são mostrados os projetos e cálculos, tudo é deslumbrante.

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A trilha, composta por Joe Hisaishi que já trabalhara com Miyazaki em Princesa Mononoke e A Viagem de Chihiro, está maravilhosa. Os efeitos estão incríveis como, por exemplo, os sons das aeronaves lembrando lamentos de criaturas. É surpreendente ver como o criador da animação consegue mostrar guerra e armas de uma forma tão poética e sensível, a ponto de ser tudo naturalmente belo.

Vidas ao Vento não teve uma recepção boa lá fora devido ao tema, o que já era de esperar. O grande Miyazaki pode relaxar e se sentir com dever cumprido, pois encerra sua carreira com uma obra tão boa, ou me arrisco a dizer melhor que as anteriores. Chega a ser lamentável não ter ganhado um Oscar e perder para o filme infantil e “bonitinho” Frozen. Mas, se tratando de Hollywood isso não chega ser surpresa.

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O diretor revolucionou sim o cinema de animação japonesa com sua escrita e narrativa sempre visando todo o tipo de público, prova disto é que todas suas obras foram sempre de grande aceito universal. Para você que ainda não conhece o trabalho dele, não perca tempo! Procure os filmes e séries dirigidas por esse senhor que, ao longo de seus 73 anos, continua nos encantando com a forma magistral de escrever e dirigir.

A produção cinematográfica foi exibida em pré-estreia em alguns estados e Minas Gerais ficou de fora… Torcemos para que ela possa ser exibida aqui para contemplarmos em tela grande. Sem dúvida, um dos melhores filmes de 2013 e o melhor da carreira de Miyazaki. Vidas ao Vento merece ser visto e revisto, não por ser um anime ou por se tratar de Miyazaki apenas e sim por mostrar como a beleza sempre pode estar incluída na vida, seja em guerras, lutas ou sofrimento ela estará lá, basta um sonho, um fechar de olhos, uma imaginação para que tudo aconteça.

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