Menu

Uma Ladra Sem Limites [Crítica]

Alexandre Landucci 11 anos ago 0 8

001Uma Ladra sem Limites
(Identity Thief, 2013)
Comédia – 111 min.

Direção: Seth Gordon
Roteiro: Craig Mazin

com: Melissa McCarthy, Jason Bateman, Eric Stonestreet, Amanda Peet, John Chu, Robert Patrick

crítica: Alexandre Landucci

“Antes só do que Mal Acompanhado” é uma das comédias mais bem sucedidas (e divertidas) do cinema. Certamente entra numa lista de 30 mais importantes e é sem dúvida a mais referenciada na última década. Em 2010, Downey Jr. e Galifianakis eram dois sujeitos que tinham que atravessar o país mesmo não se aturando, e que no fim criam uma amizade (da mesma forma que Steve Martin e John Candy faziam no filme de John Hughes). Esse ano essa mesma fórmula ganhou o aditivo do crime e substituição de um gordinho por uma gordinha.

No mais, Uma Ladra sem Limites obedece às regras do gênero. Na trama Sandy Patterson (Jason Bateman) é sujeito muito certinho – quase beirando o ridículo – mas é um marido amoroso, bom funcionário e bom pai que se vê envolvido em uma fraude de roubo de identidade. Diana (Melissa MacCarthy) se aproveita da ingenuidade do sujeito e clona sua identidade e com isso cria um cartão de crédito com o nome de Sandy – que tem nome de mulher, o que em teoria deixaria a historia mais “engraçada” – e parte para um festival de abusos, chegando a ser presa.

É claro que o verdadeiro Sandy acaba sofrendo com isso, e mesmo depois de provar sua inocência, tem seu emprego ameaçado (afinal à empresa não quer ter seu nome associado com um tipo de investigação policial que pode levar um ano para ser encerrada – informação que o filme faz questão de apresentar várias vezes ao espectador). Para evitar a demissão parte para um daqueles planos mirabolantes que mesmo completamente absurdos ganha até o aval da policia. O sujeito decide encontrar a fraudadora, com o pretexto de levá-la de volta a sua cidade para que ela confesse seus crimes ao seu chefe, embora de fato, ela estará sendo presa. Entendeu? É muita confusão para uma comédia que não é engraçada, se apóia em clichês e mesmo tentando ser politicamente incorreta é careta.

002

Desde a saída dá pra notar que a gordinha vai se redimir, porém o filme recheia a trama com momentos bobos e quase ofensivos. McCarthy, durante o filme, acaba arrumando um sujeito que é claro, só pode ser gordo já que gordos só podem se envolver com gordas, afinal, seria muito feio ver uma mulher bonita e um sujeito acima do peso não é? Ou vice versa. Por isso na cena de “intimidade do casal”, o que se vê não é nada além do que a visão adolescente retardada que a maioria do público comedor de pipoca deve ter em relação ao sexo: que ele está lá apenas para fazer rir. E pior, não faz, já que as piadas simplesmente não funcionam. Não existe graça em ver dois gordinhos gritando enquanto transam. E isso não é porque é politicamente “incorreto”, é porque simplesmente não é engraçado, além de reforçar um clichê bobo. Aliás a própria McCarthy se destacou na TV dentro de um clichê bobo, a péssima serie Mike & Molly, onde – olha só que coisa – Molly se apaixona por um policial gordo e viciado em comida.

Fora isso, os coadjuvantes são fracos e a correria onde nada acaba dando certo para os personagens nunca de fato, tem graça. Já que não basta a personagem de McCarthy ser uma falsária, ela precisa estar sendo perseguida não por um, mas por dois matadores que querem apagar a mulher. Todo esse excesso de “ruído” só tenta desviar a atenção de que de fato, o filme não é bom.

Identity Thief

Jason Bateman faz o papel de bobo com alguma competência, mas nunca convence inteiramente como aquele sujeito que de fato está em perigo. Tudo é muito blasé e mesmo Melissa, uma comediante que transita com grande segurança pelos extremos da comédia, sabendo ser politicamente incorreta, brincar com o pastelão e com os textos rápidos e irônicos aqui se vê engessada num road movie que chega a lugar nenhum. Com participações especiais (não dá pra considerá-los como “coadjuvantes”) de Eric Stonestreet (o “amante” já citado) e Robert Patrick (um dos patéticos matadores), a historia nunca engrena.

E ainda insiste em momentos dramáticos excessivos: não basta terem roubado a identidade de Bateman, mas sua mulher está esperando o terceiro filho. Não basta McCarthy ser ladra, ela precisa ser humilhada, alvo de chacota e não ter amigos. E o pior é que a atriz até acerta quando precisa ir além do estereotipo, o que mostra que ela pode estar além da função de comediante, basta escolher trabalhos em que não seja sempre a “gordinha estranha e bizarra”. Uma daquelas produções que a expressão “um desperdício de talento” cabe muito bem.

– Advertisement – BuzzMag Ad
Written By

Dizem que é crítico de cinema, dizem que é um cara legal e dizem também que pode ser bem ranzinza. Outros, no entanto, dizem que "as vezes" ele acerta no que fala, enquanto outros - ele deve pagar essas pessoas - gostam do trabalho dele. Fã de Galactica, Doctor Who, Hayao Miyazaki, David Cronenberg, Dario Argento, Orson Welles, Grant Morrison, Neil Gaiman e comprador compulsivo de filmes.

Leave a Reply

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

– Advertisement – BuzzMag Ad