Menu

Além dos Tabus

Luiz Gustavo Mendes 12 anos ago 48

Vou começar o post falando de algo bem diferente de tokusatsu, mas não se preocupem, eu chego lá.

Vamos falar de um dos filmes mais fantásticos já feitos: Up. Eu sou um apaixonado pela Pixar e esse filme me deu ainda mais o motivo para isso. Logo no começo da trama, vemos uma retrospectiva da vida do velho Carl Fredericksen e sua amada Ellie.

Acompanhamos eles crianças se conhecendo, crescendo, se apaixonando e se casando. Vemos também eles passando pelo drama de perder uma gravidez e uma possível impossibilidade de ter filhos. Sim, em um filme para crianças. É um assunto bastante pesado, um drama complicado, mas a forma como isso narrado é que faz a diferença.

Tudo isso é contado sem palavras, apenas com imagens e música. Desta forma, os pais que assistem conseguem absorver tudo, e as crianças apenas entendem que eles não podem ter um bebê. Todo esse drama é necessário para que o personagem do Carl faça sentido, com sua obsessão por sua falecida amada. Aí está a magia: contar a história que precisa ser contada, apenas encontrando o meio certo.

Carl e Ellie

Um dos maiores amores já contados

E o que isso tem a ver com tokusatsu? Bem, nossas adoradas séries têm como seu público principal, pelo menos na teoria, o público infanto-juvenil. Por que eu digo na teoria? Já estamos com mais de meio século de tokusatsu, só de Super Sentais são 35 anos, 40 de Kamen Riders, 45 de Ultras. Mais de uma geração que cresceu assistindo essas produções japonesas e muitos ainda assistem.

Acredito que as produtoras, como a Toei, já perceberam isso, esse potencial para atingir pais e filhos. Uma maneira de englobar todo esse público é quebrar tabus de o que deve ou não ser discutido, para o que pode ser contado de uma forma interessante.

Se tem um episódio que ilustra bem o que eu quero dizer aqui, é o do Bird Dopant de Kamen Rider W. Durante toda a série fica óbvia a analogia das memórias com drogas, em todos os sentidos: o vício, os “traficantes”, o barato, as consequências do abuso. Mas esse episódio em especial para mim se mostrou quase como um Requiem para um Sonho para o público jovem (por sinal, se não viram esse filme, corram atrás).

É um grupo jovem, que são introduzidos a um mundo novo de maravilhas, e depois descobrem o horror do abuso e as consequências de tudo aquilo. Mas a linguagem usada para contar essa situação é dentro da realidade dos tokusatsus, contada com aquele jeitão de Kamen Rider e apropriado para o público mais novo. E o melhor, funciona muito bem.

Aronofsky deve estar orgulhoso

Eu fico muito feliz que os criadores perceberam que podem contar uma gama muito grande de histórias e abordar diversos assuntos, desde que sejam adaptados para a realidade do público jovem.

Esse, por exemplo, é um grande diferencial das séries orientais e ocidentais: os orientais não tratam seu público como bobos que devem ser escondidos de tudo. Já tivemos bullying (Kamen Rider Fourze), depress?%A

– Advertisement – BuzzMag Ad
4 Comments

4 Comments

  1. @Destruidor1890 disse:

    Basta lembra um pedaço dassa frase do Rocky pra eu fica com vontade de chora. Ela é a frase da minha vida.

  2. Mozart disse:

    Me deu vontade de tatuar o conector gaia memorie

  3. Marcelo disse:

    Excelente post! Sem mais…

  4. Thiago Machado - O Rato disse:

    Concordo plenamente.
    E a alusão aos entorpecentes em W é clara especialmente no capítulo do Bird.
    Creio que abordar temas densos, mas de maneira leve e madura, em séries infato-juvenis é muito bem vindo.
    Vou além, é duplamente bom, pois você educa, sim a palavra é educa, sem precisar ser didatico, interiozando muito mais valores as crianaças, e de tabela você cria uma série com um potencial maior de se tornar clássico que será revisto no futuro por pessoas de todas as idades.

Comments are closed.

– Advertisement – BuzzMag Ad