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Stake Land – Anoitecer Violento – Crítica

Mozart 12 anos ago 3 25

Stake Land – Anoitecer Violento

(Stake Land, 2010)

Terror/Suspense – 98 min.

Direção: Jim Mickle

Roteiro: Nick Damici e Jim Mickle

Com: Nick Damici, Connor Paolo e Kelly McGillis

Texto: Alexandre Landucci

Zumbis estão na moda. Desde o revival iniciado pelo famigerado Zack Snyder em seu remake do clássico de George Romero Madrugada dos Mortos, o mundo vem concebendo os mais variados trabalhos relacionados aos mortos vivos, desde livros, HQs, filmes e até séries de TV.

Stake Land – dirigido por Jim Mickle e escrito pelo próprio Mickle e pela estrela do filme Nick Damici – coloca os sugadores de sangue, tão vilipendiados com histórias adolescentes românticas e brilharecos em florestas e luas de mel na praia, em um ambiente pós-apocaliptico típico dos filmes de zumbi, ou mesmo de recentes sucessos de crítica como o excelente A Estrada. Estão presentes todos os elementos importantes e tradicionais das histórias ambientadas nesse mundo: extremismos vindos dos inimigos, a dificuldade para lidar com o ambiente inóspito, gente regredindo ao primitivismo, intimidade intensa em virtude da falta de gente, a sensação de solidão e de que o fim está sempre espreitando na próxima esquina.

Soma-se a isso o acréscimo das figuras vampirescas, mais agressivas, ágeis e inteligentes que os mortos vivos e você têm um suspense tenso e poderoso que funciona por quase toda a projeção.

Stake Land, ou Terra da Estaca, fala da relação entre o jovem Martin, solitário depois da morte dos pais (que é apresentada na primeira cena e que dá o tom do filme, cru, naturalista até os limites possíveis, ágil e bem montado) e o misterioso Mister, um andarilho especializado em caçar e eliminar os sugadores de sangue que se espalham pelos Estados Unidos tomados pela praga vampiresca.

A relação dos dois é similar a dos personagens de Woody Harrelson e Jason Eisenberg em Zumbilândia, obviamente mais adulta e séria, já que o tom de Stake Land não é – definitivamente – leve e satírico como a comédia dos zumbis.

Outra característica interessante de Stake Land reside no fato, de além de falar dos vampiros, o filme ainda toca na questão do fanatismo religioso, aqui apresentado por uma seita doentia que usa dos vampiros para eliminar aqueles que contestam sua suposta conexão direta com Deus. Nada diferente do que vemos hoje em dia, nas mais variadas religiões que clamam ser a “única verdade”. Jim Mickle parece dizer que quando o apocalipse chegar (literal ou metaforicamente) essa questão ficará ainda mais pungente, já que apenas os mais fortes e – segundo a lógica do filme – ignorantes, sobreviverão ao massacre, o que dará início a uma era de extremismos e violência desmedida.

O elenco é basicamente composto de desconhecidos, o que auxilia a credibilidade do filme e amplia a sensação de urgência daqueles personagens. Embora Martin e Mister sejam os personagens principais, por diversas vezes nos questionamos se aqueles dois conseguirão chegar até o final do filme ilesos (e não, não contarei se chegam).

Nick Damici, faz de Mister um sujeito calado e que como macho alfa da situação, não tem tempo, nem paciência para conversa fiada e momentos de depressão pensando nos amigos e família caídos. Um típico valentão de coração mole, Mister é aquilo que se espera de um personagem como esse, largado em um ambiente como o do filme. Poucas palavras, muita ação e a constatação de que esse tipo de personagem parece cada vez mais esquecido no cinema. Já Connor Paolo (que interpretou os jovens Sean Penn e Colin Farrell em Sobre Meninos e Lobos e Alexandre respectivamente) é o típico garoto assustado que precisa encontrar uma forma de lidar com uma situação de extremo desamparo.

Como a estrutura do filme é um road movie que como em 11 de 10 filmes apocalípticos se apóia na busca de um oásis protegido da praga/monstros da vez, diversos coadjuvantes vão se juntando no caminho dos dois personagens. A mais significativa é a Freira (intitulada apenas assim) que tenta incutir um pouco de humanidade na cabeça dos personagens. Kelly McGillis (ela mesma de Top Gun, Acusados, A Testemunha entre outros) surge muito diferente da imagem que o público talvez mantenha dela. Parecendo muito envelhecida – também ajudada pelo papel que a coloca como uma mulher sem nenhuma vaidade e ainda num ambiente de trevas – Kelly em poucos momentos de tela, mostra que apesar do visual “chocante”, continua eficiente.

A vilania religiosa citada é representada por Jebedia Leven (Michael Cerveris da série Fringe), um psicopata que mantém o poder através da fé cega de um grupo de ignorantes tementes a Deus que também servem como seu exercito particular.

Apesar de apostar no Road movie, os muitos cenários e personagens que cruzam o caminho dos personagens (que também incluem uma jovem grávida que serve de interesse amoroso de Martin, um caminhoneiro e até uma jovem boa de tiro e uma cidade perdida no meio da guerra religiosa) o filme não perde ritmo, embora em seu terceiro ato, apresente alguns pequenos problemas em concluir a história, que vinha sendo conduzida de forma intensa e com acontecimentos inesperados. Mickle prefere ser mais contido e encerrar sua história de forma mais óbvia e que todos os filmes do gênero costumam terminar.

Stake Land não pretende ser o filme definitivo sobre o tema, mais é uma lufada de ar fresco na filmografia vampírica, que anda sendo transformada em pastiche na ultima década. Por seu visual cru, interpretações corretas e respeito aos conceitos do mundo que abraça, a produção merecia uma sorte melhor do que ser mais um simples lançamento direto para vídeo. E pensar que Dylan Dog teve sua chance no cinema…

Nota

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Written By

Vulgo Mozart Gomes é o Fundador , administrador e idealizador do Senpuu. Designer Gráfico, Mozenjaa é o responsável por todas as mudanças no layout do Senpuu, tanto as boas quanto as ruins. Fã de tokusatsu desde a era manchete, resolveu consumir diariamente todo o seu amor pelo tokusatsu, criando o Senpuu.

3 Comments

3 Comments

  1. Ultra J disse:

    Legal vou assistir esse filme.

  2. odin disse:

    Assisti o filme, e no final ele deixa a desejar.
    fiquei indignado com o final, um filme tão gostoso de ver e termina assim, pelo visto do fim se conclui que ele irá ser uma franquia com alguns títulos a mais. Assim espero.

  3. Bob disse:

    Adorei o filme! É um filme q t envolve e realmente podemos comparar cm o nivel dos filmes citados…. “A Estrada” só compararia cm o relaçamento de “Madrugada dos Mortos”! O Fim foi exelente…. um filme q t envilve e faz vc refletir no que pode vir a ser o futuro… como muitas das vezes ele deixa incerto no filme! RECOMENDO

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