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Kairo – Crítica

Mozart 13 anos ago 5 6

Título Original: Kairo

Direção: Kiyoshi Kurosawa

Produção: Kiyoshi Kurosawa

Roteiro: Kiyoshi Kurosawa

Estúdio: Toho Company

Ano de lançamento: 2001

País de lançamento: Japão

Crítica escrita por: Alexandre Landucci

 


Quando morremos o que acontece? Seguimos rumo a um túnel escuro ou simplesmente sumimos como cinzas espalhadas ao vento?

A morte, ou o que acontece depois dela, sempre foi um assunto que moveu a humanidade, tanto para compreendê-la, quanto para – até o momento inutilmente – impedi-la. Desde os mais religiosos e suas teorias de paraísos, céus, purgatórios passando aos mais céticos e ateus e suas teorias de “apagão”, encerramento ou simplesmente o vazio, todos invariavelmente já pensamos em o que nos acontece quando “encerramos as atividades”.

 

O diretor Kyoshi Kurosawa (o mesmo do também analisado aqui, Cure) também destinou alguns momentos de sua vida a pensar no fim da mesma, e a partir de uma história instigante, sufocante e em certos momentos assustadora nos convida a embarcar em sua análise sobre a solidão que nos envolve e nas motivações que levam ao ser humano acabar com sua própria existência.

Como em todos os filmes do diretor, seu filme tem uma camada superficial e uma profunda, que é a responsável pelo filme não ser ancorado na vala comum dos filmes de horror. Na cobertura, Kairo (ou Pulse, seu titulo internacional) é sobre jovens que de uma forma ou de outra acabam se envolvendo com um misterioso site que oferece – ou pelo menos essa é sua intenção – um contato com fantasmas.

Aos poucos todos os personagens – em maior ou menor grau – passam a ter visões ou contato direto com o sobrenatural, causando mudanças comportamentais que culminam em suicídios de diversos personagens. Ao mesmo tempo, o filme discute a solidão do mundo moderno que nos impede de nos sentirmos ligados a alguém, que amplificado pela profunda angustia que boa parte desses jovens parecem sofrer, é uma mistura letal para uma onda de desaparecimentos.

 

Kurosawa em momento algum tenta nos enganar, criando uma falsa aura de ceticismo em torno do filme. Estamos mesmo no habitat dos filmes de fantasma e horror e cada nova aparição surge de forma sutil, delicada e aterradora. A solução encontrada para a constante materialização de seres sombrios no filme é de uma inteligencia incrível. O filme ainda foge do óbvio ao não empregar a trilha sonora de forma tão incisiva na trama, deixando os sustos para a montagem, que nos surpreende. A fotografia segue o padrão típico do horror japonês, mas aqui auxiliado por uma direção enérgica que posiciona a câmera de modo a ampliar a sensação de tensão, deixando sempre que vê necessidade, seus atores posicionados no canto esquerdo da tela, o que – por questões biológicas até – nos faz prestar atenção quase obsessivamente no canto direito, que é o lugar onde nosso olhar sempre observa primeiro qualquer tipo de mídia. Essa situação, nos dá a falsa sensação de que a qualquer momento algo vai romper a tela a partir da direita e atingir os personagens.

Kurosawa vai transformando seu filme em uma analise da nossa paranoia quanto a solidão paralelamente a seu filme de terror. Quanto mais vamos avançando na trama, mais densa a cortina de mortes se torna, embora as explicações para os tais fenômenos sejam deixados de lado para um estudo de um casal de personagens que se transforma em protagonista. No fundo, Kurosawa é metafórico, e parece ter usado fantasmas como um objeto representativo para discutir algo maior: nossa eterna condição de medo diante do desconhecido e nossa incapacidade de vivermos isolados dos outros.

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Vulgo Mozart Gomes é o Fundador , administrador e idealizador do Senpuu. Designer Gráfico, Mozenjaa é o responsável por todas as mudanças no layout do Senpuu, tanto as boas quanto as ruins. Fã de tokusatsu desde a era manchete, resolveu consumir diariamente todo o seu amor pelo tokusatsu, criando o Senpuu.

5 Comments

5 Comments

  1. Renato disse:

    assistir esse filme sozinho da certo não =D

  2. Mozart disse:

    Hahhahhahahaa ta com medo?

  3. Renato disse:

    talvez, talvez….

  4. Luiz Gustavo Mendes disse:

    Vi Kairo a um bom tempo atrás, e duas conclusões eu tiro. Primeiro a qualidade dos roteiros de filmes de terror orientais. Esse filme é lento, denso, e por horas até um pouco confuso, mas é nítido que isso foi o intuito. É um filme que te envolve e te prende, sem apelar para sustos baratos ou tripas e sangue. Esse filme é de uma inteligência ímpar, especialmente na construção do final. A outra conclusão que eu chego é consequência disso: uma parcela bem pequena de pessoas vai realmente gostar de Kairo. Não é o que se espera, nem mesmo quando pensamos em filmes de terror, na onda que veio com Ringu, Ju-on e tantos outros. Mas pra quem estiver disposto eu recomendo demais. Landucci mais uma vez está de parabéns pela crítica.

  5. Sérgio Sampa disse:

    Noooossa! qdo vi a foto do filme eu pensei que era o bigodinho do hittler no lugar da boca…

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