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Confessions – Crítica

Mozart 13 anos ago 2 113

Alexandre Landucci

Pretensioso e brega, Confessions é um dos piores filmes do ano. Recheado de imagens que tentam emular poesia e com uma trilha sonora absurdamente infeliz, o filme de Tetsuya Nakashima é um enorme abacaxi. Mais incrível é que um país de cinematografia tão interessante como o Japão, indique essa bobagem para concorrer a uma vaga ao Oscar, fazendo crer que para o pessoal de lá esse filme é verdadeiramente bom.

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Nakashima é pretensioso desde a saída, mais isso só começa a incomodar de verdade quando as múltiplas histórias “confessionais” são misturadas.

Acompanhamos a história de Moriguchi, uma professora que no último dia de aula reúne seus alunos para um discurso final que revela ser muito mais importante do que o trivial: “tchau e boas férias”.

O primeiro ato, um falatório da professora e personagem principal Yuko Moriguchi, é até interessante, mais pelas idéias do que pela forma aborrecida e cansativa que o filme foi montado. Outra questão – e um incomodo pessoal de anos – é a falta de amor próprio e constatação de que os japoneses se enxergam como eternos sofredores. Invariavelmente muitos de seus personagens encaixam-se no binômio: gente revoltada e frustrada ou excessivamente alegre, reverente e abobalhada.

O mestre Ozu não seguia essa cartilha, assim como Kurosawa, Nishima, Mizoguchi entre outros. A idéia era mostrar a melancolia japonesa inserindo-a em contextos mais amplos e inteligentes, sem apelar para esse clichê de mangá.

O que vemos em Confessions são uma série de personagens idiotizados e prepotentes. A personagem principal Moriguchi é a única que vale a pena prestarmos atenção. Depois do falatório interminável – que deveria ter sido limitado a uns bons minutos a menos – ela revela que a morte de sua filha (conhecida dos personagens, mas não do público, revelando-se como uma surpresa) não fora acidental e que a culpa é de alunos da classe para qual ela vinha fazendo esse monólogo.

Na esquizofrenia que segue, Nakashima mistura filme de vingança pura e simples com “estudo” de personagem. Quer explicar os motivos para uma geração de japoneses serem tão recalcados e apresentarem tantos problemas emocionais, embalado em um contexto kitsch, trilha sonora americanizada (e que não faz o menor sentido) e uma edição que só atrapalha.

Tomemos como exemplo, o mais gritante deles: um determinado personagem chocado com uma revelação se transforma em um “quase bicho”, e no momento de sua confissão o filme mostra o cuidado de seus entes queridos para tentar entender suas atitudes radicais. Uma delas é limpa-lo enquanto dorme, para cuidar de sua saúde, possivelmente prejudicada pela atitude anti-higiênica. Quando o personagem percebe essa situação, surta e o filme transforma o surto em pastiche. Câmera que entra em zoom extremo, trilha engraçadinha, efeitos de fast foward. Um exagero só.

Triste é constatar que a idéia por trás dessa bobagem não é todo ruim. Uma vingança cruelmente orquestrada por uma mulher destroçada pela morte de sua filha. O problema é a forma obtusa que é conduzida. A idéia de vermos as confissões de cada um dos personagens mais importantes além de não funcionar, quebra o ritmo da narrativa. As histórias se misturam e isso não acontece de forma orgânica, outra falha da montagem e da direção.

Confessions é uma idéia batida, mas que funciona se bem realizada, que no caso de Nakashima foi submetida a uma estética exagerada e sem razão de existir. Na tentativa de criar poesia com imagem e misturá-las a história de perturbação de seus personagens, não conseguiu nem uma coisa nem outra.

De poesia não se encontra nada, e a possível perturbação dos personagens ficou diluída na bobagem visual apresentada.

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Vulgo Mozart Gomes é o Fundador , administrador e idealizador do Senpuu. Designer Gráfico, Mozenjaa é o responsável por todas as mudanças no layout do Senpuu, tanto as boas quanto as ruins. Fã de tokusatsu desde a era manchete, resolveu consumir diariamente todo o seu amor pelo tokusatsu, criando o Senpuu.

2 Comments

2 Comments

  1. Lucas disse:

    Eu achei um bom filme, mas acho que deveriam continuar. Parece que só querem mostrar o lado ruim da vida e fazer pensar apenas nesse contexto. Nota 8.

  2. António Casaca disse:

    Que crítica tão pateta, o Alexandre deve ser daqueles que está ansioso pelas próximas sequelas de “the avengers” ou “iron man”.

    Este filme é magnífico, criativo e original em praticamente tudo. Que história fantástica e que modo tão singular de a contar. Infelizmente seria impossível, sobretudo nos nossos dias, uma obra destas, bem como muitas outras que tenho visto do cinema Asiático, ser feita em Hollywood.

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